Entre os quinze livros que compõem o De Trinitate , obra monumental de Santo Agostinho sobre o mistério de Deus uno e trino, o oitavo ocupa um lugar especial. Trata-se de um dos textos mais místicos de todo o tratado, marcando uma virada decisiva na obra. Até então, Agostinho havia se dedicado sobretudo a defender a fé trinitária contra as heresias e a esclarecer, à luz da Escritura e da razão, a igualdade entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. No entanto, ao iniciar o Livro VIII, ele toma outro rumo: conduz o leitor ao interior da experiência do amor, mostrando que não basta conhecer teoricamente a Trindade, mas é preciso tocá-la na vida do coração. Agostinho parte de uma afirmação central: Deus é a Verdade e o Sumo Bem. Quem ama a verdade já ama a Deus, ainda que não tenha plena consciência disso. Do mesmo modo, toda busca do bem, mesmo quando dirigida a coisas passageiras, é no fundo um desejo de Deus, o Bem supremo e inesgotável. Essa convicção introduz um ponto decisivo: o conhe...
Teologia, Filosofia e Diálogo entre Fé e Razão