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Mostrando postagens de março, 2024

Algo existe desde sempre

Se algo existe — e algo existe! —, então Algo  existe desde sempre.  Se notamos a existência de alguma coisa, essa existência não pode ter vindo do nada, pois o nada não existe . Ou ela existe desde sempre (aí então ela seria Algo eterno) ou vem de Algo que existe desde sempre. Mas o que deve existir desde sempre? O temporal, o móvel, o limitado? Digo que não. O temporal, o móvel e o limitado, se existisse desde sempre, seria o absoluto. E assim o absoluto teria de confinar com o nada: pois o temporal um dia era nada e um dia poderá vir a ser nada; o móvel vem do nada de si e volta ao nada de si; e o limitado tem confins com o nada, pois não é tudo. Mas o nada não existe. Não pode existir! Então aquele Algo que deve existir desde sempre é o eterno, o imóvel e o pleno. Só este Algo (que não é um algo qualquer entre os outros) pode ser o absoluto, pois que só ele exorciza o nada, que não existe, nunca existiu e nunca existirá. Só Algo eterno, imóvel e pleno (o Ser ) pode ser o seio

Física, filosofia e teologia

Hoje até físicos estão apontando para uma Realidade irredutível à matéria (partículas e energia). Heinrich Päs, catedrático de física na Alemanha, por exemplo, fala do Uno, uma idea da filosofia antiga que, segundo ele, contém o futuro da física (cf. o seu livro The One: How an Ancient Idea Holds the Future of Physics , 2023). Federico Faggin, cientista italiano de renome internacional em virtude de sua contribuição para a realização dos microprocessadores, defende com vigor a irredutibilidade da consciência ao cérebro (cf. o seu livro Irreducible: Consciousness, Life, Computers, and Human Nature, 2024). Tanto Päs quanto Faggin assumem estas posições em nome das implicações que veem no seu objeto de estudo: a física. Faggin era decididamente materialista, e se sentiu forçado a mudar de posição.  Pensava-se até bem pouco tempo atrás que o materialismo impor-se-ia, destronando qualquer tipo de metafísica e religião, qualquer aceno a um “além da matéria”. Mas hoje é o materialismo que se

O Ser pleno põe o ser limitado

Se pensarmos o ser com todo rigor lógico, deveremos tirar todas as consequências juntamente com o velho Parmênides: o ser é e não pode não ser, e o não-ser não é e não pode ser; disso decorre que o ser deve ser eterno (se começasse teria de vir do não-ser, mas este não pode existir); o ser deve ser imóvel (se se movesse, as determinações que são deveriam ser precedidas e seguidas pelo não-ser dessas determinações, mas o não-ser não pode existir); o ser deve ser pleno (se fosse limitado, deveria ser limitado pelo não-ser, que não pode existir). Esse ser eterno, imóvel e pleno (de agora em diante Ser, com a maiúscula) deve existir, pois resulta da exigência lógica, com consequências ontológicas. O Ser é, é eterno, é imóvel e é pleno . Só assim o não-ser, que não pode ser de forma alguma, é exorcizado. No entanto, o que vemos – o que aparece pra nós ( phainómenon ) mediante os sentidos – é a temporalidade (os seres, ou ao menos certas determinações, que são seres, começam e cessam de ser