Pular para o conteúdo principal

Rezar é preciso



O mês de outubro é dedicado pela Igreja católica ao Rosário de Nossa Senhora. Trata-se de uma oração muito conhecida e estimada, de longa data, pelos fiéis católicos. Uma oração de fisionomia mariana e de âmago cristológico, pois que traz, na sobriedade de seus elementos, “a profundidade de toda mensagem evangélica, da qual é quase um compêndio” (João Paulo II, Carta apostólica Rosarium Virginis Mariae, n.1). Pela recitação fervorosa do Rosário ou do Terço, a fé tem sido propagada, robustecida e aprofundada, e a vida de muitos tem encontrado o sentido e a razão do existir. Ao longo da história da Igreja, são muitos os testemunhos da eficácia da oração do Rosário.

O tema da oração é de inegável importância para a vida humana. Os animais irracionais não rezam, mas o ser humano sim. Isso porque o homem é fundamentalmente aberto à Transcendência. Não se contenta com nada que é finito. E a oração é a elevação da alma, é o suspiro pelo Eterno, é o encontro com Deus.

Uma das características da sociedade moderna é a secularização, que outra coisa não é senão um movimento de volta para o mundo. Voltar para o mundo, reconhecer-lhe a realidade e a beleza e valorizá-lo como convém não são em si mesmas atitudes más. O perigo está em se tornar prisioneiro do mundo, em agarrar-se em suas malhas finitas e perder a capacidade da ultrapassagem, da elevação, do olhar superior. Não devemos nunca esquecer o que disse São João da Cruz, grande místico e doutor da Igreja: “Um só pensamento do homem vale mais que todo o mundo; portanto, só Deus é digno dele”.

A vida moderna, com todo o desenvolvimento científico-técnico de que hoje dispomos, corre facilmente o perigo de fazer do homem um prisioneiro do finito, que jamais poderá preenchê-lo. A oração vem em nossa ajuda, fazendo-nos ver que há uma Realidade (Deus) que dá o verdadeiro sentido a todas as coisas, uma Realidade capaz de entender o homem em todas as suas questões, uma Realidade que é Inteligência e Amor eternos!

O homem que reza nunca está sozinho. Pela oração estamos bem acompanhados, estamos na presença d’Aquele que, sendo Inteligência infinita, pensou em cada um desde toda a eternidade, e, sendo Amor sem limites, deu-nos a existência e guia-nos os passos, por Cristo e no Espírito, para a felicidade completa em seu Reino.

Que a Bem-Aventurada Virgem Maria, mestra da vida de oração, ensine-nos, no mês do seu Rosário, a ser pessoas que rezam! É preciso rezar, pois que oração há de salvar o mundo!

Comentários

  1. Parabéns pelo artigo sobre Nossa Mãe, meu caro amigo padre Elilio.. saudades!

    abraço de quem te admira muito!

    ResponderExcluir
  2. Pe. Elílio, sua benção!

    Por favor me oriente pois quero entender uma coisa que não entra na minha cabeça.

    Considerando que... Nossa Senhora disse em
    La Sallete:

    “Os sacerdotes, ministros de meu Filho, os sacerdotes, por sua má vida, por suas irreverências e sua impiedade em celebrar os santos mistérios, por amor do dinheiro, das honras e dos prazeres, os sacerdotes tornaram-se cloacas de impureza… não há mais ninguém digno de oferecer a Vítima sem mancha ao Pai Eterno em favor do mundo.”

    E considerando por exemplo esta situação:

    "Padres e fiéis cometendo erros, muitas palmas, músicas inadequadas, mãos dadas no Pai Nosso, e outros” (repouso no espírito, bla bla bla em linguas estranhas, musicas protestantes, profanação do Santíssimo, profetas, bingo(sic), dança do siri, etc etc etc)

    Mesmo numa missa miseravelmente sacrílega, cheia de profanações e celebrada(por exemplo) por um "padre" que NEGA a presença de Cristo na Eucaristia."

    Observe bem a palavra PROFANO. Cristo estaria num culto profano? Ele estaria numa missa com estas características?

    Mesmo assim, com tudo isso...

    Há hóstias verdadeiramente consagradas?

    Eu acredito que não. E não tem quem me faça convencer do contrário.

    Caso não queira dar resposta em seu blog meu email é ===lisardo@portaluniao.com====

    Lisardo

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Ponderações sobre o modo de dar ou receber a sagrada comunhão eucarística

Ao receber na mão o Corpo de Cristo, deve-se estender a palma da mão, e não pegar o sagrado Corpo com a ponta dos dedos.  1) Há quem acuse de arqueologismo litúrgico a atual praxe eclesial de dar ou receber a comunhão eucarística na mão. Ora, deve-se observar o seguinte: cada época tem suas circunstâncias e sensibilidades. Nos primeiros séculos, a praxe geral era distribuir a Eucaristia na mão. Temos testemunhos, nesse sentido, de Tertuliano, do Papa Cornélio, de S. Cipriano, de S. Cirilo de Jerusalém, de Teodoro de Mopsuéstia, de S. Agostinho, de S. Cesário de Arles (este falava de um véu branco que se devia estender sobre a palma da mão para receber o Corpo de Cristo). A praxe de dar a comunhão na boca passou a vigorar bem mais tarde. Do  concílio de Ruão (França, 878), temos a norma: “A nenhum homem leigo e a nenhuma mulher o sacerdote dará a Eucaristia nas mãos; entregá-la-á sempre na boca” ( cân . 2).  Certamente uma tendência de restringir a comunhão na mão começa já em tempos pa

Considerações em torno da Declaração "Fiducia supplicans"

Papa Francisco e o Cardeal Víctor Manuel Fernández, Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé Este texto não visa a entrar em polêmicas, mas é uma reflexão sobre as razões de diferentes perspectivas a respeito da Declaração Fiducia supplicans (FS), do Dicastério para a Doutrina da Fé, que, publicada aos 18 de dezembro de 2023, permite uma benção espontânea a casais em situações irregulares diante do ordenamento doutrinal e canônico da Igreja, inclusive a casais homossexuais. O teor do documento indica uma possibilidade, sem codificar.  Trata-se de uma benção espontânea,  isto é, sem caráter litúrgico ou ritual oficial, evitando-se qualquer semelhança com uma benção ou celebração de casamento e qualquer perigo de escândalo para os fiéis.  Alguns católicos se manifestaram contrários à disposição do documento. A razão principal seria a de que a Igreja não poderia abençoar uniões irregulares, pois estas configuram um pecado objetivo na medida em que contrariam o plano divino para a sex

Absoluto real versus pseudo-absolutos

. Padre Elílio de Faria Matos Júnior  "Como pensar o homem pós-metafísico em face da exigência racional do pensamento do Absoluto? A primeira e mais radical resposta a essa questão decisiva, sempre retomada e reinventada nas vicissitudes da modernidade, consiste em considerá-la sem sentido e em exorcisar o espectro do Absoluto de todos os horizontes da cultura. Mas essa solução exige um alto preço filosófico, pois a razão, cuja ordenação constitutiva ao Absoluto se manifesta já na primeira e inevitável afirmação do ser , se não se lança na busca do Absoluto real ou se se vê tolhida no seu exercício metafísico, passa a engendrar necessariamente essa procissão de pseudo-absolutos que povoam o horizonte do homem moderno" (LIMA VAZ, Henrique C. de. Escritos de filosofia III. Filosofia e cultura. São Paulo: Loyola, 1997). Padre Vaz, acertadamente, exprime a insustentabilidade do projeto moderno, na medida em que a modernidade quer livrar-se do Absoluto real, fazendo refluir