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Mostrando postagens de dezembro, 2022

O grande legado de Bento XVI

Bento XVI teve como grande orientação para o pensamento e para a vida o primado de Deus , tema realçado de modo particular pela espiritualidade da escola daquele que certamente lhe inspirou o nome: Bento de Núrsia. Procurar o primado de Deus num mundo que, sob diversos aspectos, quer-se pós-cristão e pós-teísta é um grande desafio. Realçar as raízes que nossa vida tem no Eterno para uma mentalidade que vive submersa no tempo é uma empreitada difícil. Chamar a atenção para as coisas da alma e para do encontro íntimo com o Verbo de Deus num tempo em que só se quer o espetáculo e a exibição é colocar-se num caminho de incompreensão. Sem negar — muito ao contrário! — que a Igreja tem uma missão temporal, social e até política (sem que ela mesma deva tomar o governo político), Bento XVI enfatizou a sede de infinito que caracteriza a alma humana e procurou apontar para a Fonte de Água Viva que é Deus. Nesse sentido, esforçou-se por defender a fé da Igreja diante do que considerava obnubilar

Bem-aventurados os pobres

Que o Evangelho seja uma mensagem e um poder de salvação para todos, especialmente para os pobres, está claro pra mim. Chamo a atenção para o “especialmente para os pobres”.  As bem-aventuranças em Lucas, provavelmente a versão mais próxima ou mesmo idêntica ao posicionamento histórico de Jesus, têm como destinatários os pobres (em sentido literal), os que choram, os que passam fome… Maria é apresentada por Lucas entoando o seu belíssimo Magnificat, hino inspirado no cântico de Ana, em que louva a Deus porque “enche de bens os famintos e despede os ricos de mãos vazias”.  Jesus, tal como nos chegou pelo Novo Testamento, é taxativo ao dizer ou se serve a Deus ou se serve ao dinheiro. Diz que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino. Faz questão de identificar-se com os últimos da comunidade, considerando feito a ele o que se faz aos desvalidos. Em sua prática, sempre se posicionou pelos últimos, sem excluir, no entanto, os demais.  E. Bloch

Sobre as razões da fé. De rationibus fidei ad Cantorem Antiochenum

Sobre as razões da fé,  ao Cantor de Antioquia  Autor: S. Tomás de Aquino Tradução do latim: Elílio Júnior Capítulo I O plano do autor O bem-aventurado apóstolo Pedro recebeu do Senhor a promessa de que, sobre sua confissão, seria fundada a Igreja, contra a qual as portas do inferno não podem prevalecer (cf. Mt 16,18). Para que a fé da Igreja a ele entregue permanecesse inviolada contra as portas do inferno,  Pedro  diz aos fiéis de Cristo:   “ Santificai o Senhor Jesus em vossos corações” (1Pd 3,15) , isto é, pela firmeza da fé, por cujo fundamento, colocado no coração, poderemos permanecer seguros contra todas as impugnações ou irrisões dos infiéis. Donde também diz em seguida:   “ Estai sempre preparados a dar satisfação a todo aquele que vos pede a razão das coisas da vossa esperança e fé” . Ora, a fé cristã consiste, principalmente, na confissão da Santíssima Trindade, e, especialmente, em que se glorie da cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. “Pois a sabedoria da cruz, como Paulo di