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Mostrando postagens de fevereiro, 2010

Entre a morte e a ressurreição - Parte III

Padre Elílio de Faria Matos Júnior Parte III 3. POSICIONAMENTO TEOLÓGICO DE JOSEPH RATZINGER Diante de tudo o que dissemos até agora, surgem pelo menos três questões: é aceitável o novo conceito da relação entre tempo e eternidade? O novo conceito de corporeidade pode ser assumido como sendo cristão? A tradição eclesial, professando a imortalidade da alma, de um lado, e a ressurreição no fim dos tempos, de outro, teria corrompido o que é genuinamente cristão com conceitos gregos dualistas? Em vista da solução desses problemas, vocês, caros ouvintes, estão aqui para saber o que o teólogo Joseph Ratzinger tem a dizer. Nossa palestra tem um subtítulo que nos arremete à escatologia de Ratzinger. É dela, pois, que devemos tratar. Vimos que Ratzinger começou querendo “desplatonizar” a escatologia tradicional, o que significa: queria rejeitar o conceito de alma imortal, queria afirmar uma antropologia monista, queria reivindicar a idéia de ressurreição no momento da morte. Mas, como ele

Entre a morte e a ressurreição - Parte II

. Padre Elílio de Faria Matos Júnior PARTE II 2. A MORTE E A RESSURREIÇÃO Depois desta breve introdução, é hora de irmos ao tema: “Entre a morte e a ressurreição”, que, como dissemos, tratará da relação existente entre uma coisa e outra na visão teológica de Ratzinger. Antes do mais, cumpre notar que houve uma mudança de direcionamento no pensamento de Ratzinger, mudança essa confessada por ele mesmo no prólogo de sua Escatología : Faz exatamente vinte anos que ensinei pela primeira vez Escatologia no ciclo de minhas aulas. Desde então tive de ocupar-me periodicamente das questões que a disciplina levanta. A escatologia é juntamente com a eclesiologia o tratado que mais vezes expliquei e o primeiro que me atrevo a oferecer ao público na forma mesma de tratado. Com esta matéria ocorreu-me algo singular. Atrevi-me começar com as teses – raras ainda naquele tempo – que acabaram por impor-se hoje quase sem exceção no campo católico. Isto é, o que tentei foi elaborar uma escatolo

Entre a morte e a ressurreição

. Palestra proferida por mim aos 25/06/2007 no auditório do Seminário Arquidiocesano Santo Antônio, de Juiz de Fora, no contexto do “Ciclo de Palestras sobre a Ressurreição” promovido pelo Departamento de Teologia do CES-JF/ITASA. A publicação neste blog será feita em partes Pe. Elílio de Faria Matos Júnior PARTE 1 ENTRE A MORTE E A RESSURREIÇÃO Reflexões sobre a escatologia de Joseph Ratzinger 1. INTRODUÇÃO O tema desta nossa palestra - “Entre a morte e a ressurreição”- , que figura no programa que os senhores receberam, é, na verdade, o título de um artigo do então Cardeal Joseph Ratzinger publicado, em 1982, na edição brasileira da Revista Communio (RATZINGER, Joseph. Entre a morte e a ressurreição. Communio , ano I, n. 1, p.67-86, jan./fev. 1982 ) . Pois bem. Trataremos de refletir, nos limites de nossa frágil competência, sobre um tema que toca o enigma do ser humano: o mistério da vida e da morte. Refletiremos, é claro, com base na fé cristã, que nos apresenta a prome

O Homem, criatura especial de Deus

. Padre Elílio de Faria Matos Júnior A Revelação bíblica propõe ensinamentos a respeito da origem e da natureza do Homem na medida em que interessam ao mistério da salvação. Por isso, não se pode procurar na Sagrada Escritura uma antropologia acabada e rigidamente sistematizada. Os dados que aí encontramos, contudo, dão as coordenadas fundamentais para que possamos elaborar uma ontologia teológica do Homem. Tais dados, convém notar, não estão em contradição com aquilo que se pode saber sobre o Homem por via natural, embora o ultrapasse. O Homem, antes de tudo, é um mistério. Deus é o mysterium tremendum ac fascinosum ; o Homem, criado à sua imagem e semelhança , é misterioso e também fascinante, na medida em que se assemelha a Deus por sua vida espiritual ou por seu caráter pessoal, isto é, por sua consciência, inteligência e liberdade. Com efeito, já dizia o Concílio Vaticano II: "O homem, na verdade, não se engana quando se reconhece superior aos elementos materiais e não se

Qualidades indispensáveis da oração

. Padre Elílio de Faria Matos Júnior Em sua pregação sobre a Oração do Senhor ( In Orationem Dominicam videlicet "Pater Noster" Expositio ), Santo Tomás elenca as cinco qualidades mais importantes para uma boa oração. E assevera que a Oratio Dominica  satifaz de modo excelente a todas elas, de tal maneira que "entre todas as orações, o Pai-nosso ocupa manifestamente o primeiro lugar" (Prólogo). Eis as qualidades enumeradas por Santo Tomás, qualidades que, se quisermos colher bons frutos, jamais devemos deixar faltar às nossas orações: 1) A oração deve ser confiante : "devemos pedir com fé, em nada hesitando" (Tg 1,6). 2) A oração deve ser conveniente : devemos pedir a Deus só o que é justo e proveitoso. Alguns não são ouvidos porque pedem o que não convém: "Pedis e não recebeis, porque pedis mal (Tg 4,3). 3) A oração deve ser ordenada : devemos pedir de acordo com uma certa ordem, de modo a preferirmos os bens espirituais aos t