O livro de Jó é um dos mais interessantes da Bíblia Hebraica. Trata-se de um drama escrito por um autor (ou redator final) inconformista, que se pôs a criticar a tradicional teologia da retribuição, muito arraigada no pensamento israelita de então. A época é certamente pós-exílica (século V ou IV a.C.). O autor critica uma determinada teologia, mas não o faz por meio de um tratado sistemático como faríamos hoje; veicula seu pensamento num conto dramático. O inconformismo do autor expressa-se no inconformismo do personagem Jó. Sendo justo e profundamente religioso, Jó deveria ser sempre abençoado em sua saúde, em seus filhos e em suas posses. Essa, ao menos, era a teoria, a teologia da retribuição. Mas à teoria é apresentada a realidade. Ao discurso teológico abstrato vem contraposta a existência concreta de um homem. Jó, que fora muito abençoado na saúde, nos filhos e nos bens, de repente perde tudo. É golpeado duramente. Será que Jó se conservará sempre paciente? Não é bem isso que ac
Teologia, Filosofia e Diálogo entre Fé e Razão