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Mostrando postagens de agosto, 2014

Fé e evolução

Pe. Elílio de Faria Matos Júnior A fé cristã é compatível com a compreensão do mundo em evolução? Sim, eu diria. A fé substancialmente não diz 'como' o mundo foi criado, mas que foi (é) criado. A evolução pode muito bem ser o modo pelo qual Deus cria o mundo. O que é incompatível com a fé é a afirmação de que o espírito seria um mero produto casual da matéria ou um "bolor casual na superfície da matéria", como diria Ratzinger. A evolução não exige que se afirme isso. Num quadro de compreensão evolutivo, a fé nos mandaria crer que, longe de ser um produto casual da matéria, o espírito, que se verifica no homem, é a meta da evolução e a matéria, a sua pré-história. Nesse sentido, o espírito é a grande obra criada por Deus, não algo simplesmente derivado da matéria.

Santo Agostinho

Pe. Elílio de Faria Matos Júnior Santo Agostinho viveu na tarda Antiguidade (séculos IV e V) e foi o primeiro grande pensador cristão. Conseguiu uma invejável síntese entre a fé da Igreja, transmitida pelos apóstolos, e as ideias fundamentais do platonismo ou neoplatonismo. Agostinho foi também o primeiro a pensar em primeira pessoa, isto é, soube envolver o seu «eu» concreto e suas inquietações na busca da verdade. Sua grande lição permanece válida: o mergulho na interioridade não é subjetivismo, mas comporta uma elevação à Transcendência – inferior infimo meo superior summo meo . No mais profundo da razão criada deixa seus sinais a Razão incriada, Fogo sempre vivo em que se acende constantemente o pensamento humano. Na atualidade, um grande estudioso e admirador de Agostinho é o papa emérito Bento XVI.

A confiança originária

Pe. Elílio de Faria Matos Júnior A confiança é originária. É uma posição originária em virtude da qual a minha visão de mundo apresenta uma direção fundamental. Escutar o apelo originário que me chama à confiança é escolher acreditar que não existo por acaso e que há um lugar reservado para mim; é escolher acreditar que o meu estar no mundo é mais do que o simples estar. Tal atitude pode ser o primeiro grande passo rumo à maturação daquela fé em um Deus pessoal, que cria o mundo, intervém na história e faz promessas de futuro que ultrapassam toda imaginação e todo desejo. De outro ponto de vista, todo aquele que crê no Deus pessoal anunciado pelo cristianismo cultiva a confiança originária que o faz ver que o universo não é uma mera extensão infinita e silenciosa, indiferente às vicissitudes humanas, mas uma casa ou um lar que nos abriga, ainda que numa perspectiva provisória em relação à nossa atual condição.

Liberdade vazia?

Pe. Elílio de Faria Matos Júnior A liberdade humana não é uma liberdade vazia nem deve ser entendida como tal. Ela se realiza no horizonte de sentido dado pela Razão criadora. Assim, o homem não é pura liberdade, não é liberdade indeterminada, mas é liberdade dotada de uma consistência ontológica, isto é, antes da liberdade ou concomitantemente a ela, existe um sentido ou uma orientação fundamental doado pelo Lógos divino. O horizonte de sentido não exclui a liberdade, mas a chama a realizar-se em conformidade com o que lhe é anterior e ganha expressão na natureza humana.