Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2013

A liturgia no pensamento de Bento XVI (Parte II)

Giles D. Dimock (Tradução: Pe. Elílio Júnior) O Missal de Paulo VI A reação de Ratzinger à introdução do Missal de Paulo VI foi, de certa maneira, negativa, mas não totalmente. A proibição do Missal de Pio V o entristeceu (na realidade, este Missal era apenas uma restauração do Missal do Rito Romano usado desde os tempos de São Gregório Magno). Ratzinger considerou tal evento como um ponto fraco na prática, e aqui já vemos uma antecipação do Motu Proprio que publicaria como Papa. Sustentava que muito de quanto devia ser preservado tivesse sido cancelado e que muitos tesouros tivessem desaparecido na nova liturgia criada por uma comissão, e frequentemente celebrada de modo descuidado e privo de qualidades artísticas. Por isso, quem critica a atual liturgia como banal em uma comunidade autocelebrativa não necessariamente é integralista. A crítica ratzingeriana diz respeito ao fato de que «a liturgia não é celebrada de modo que faça resplandecer o dado do grande mistério de

A liturgia no pensamento de Bento XVI (Parte I)

Giles D. Dimock (Tradução: Pe. Elílio Júnior) Bento XVI é apaixonado pela liturgia e a compreende  como aquela dimensão em que o nosso ser é assimilado ao Mistério divino da salvação; ele patrocinou tal visão durante o seu pontificado com escritos, com a pregação e com o seu magistério. A sua espiritualidade parece não só ter uma marca agostiniana, mas mostra também uma influência do originário movimento litúrgico alemão, favorecido em grande parte pelos beneditinos, em relação aos quais ele sempre teve uma especial veneração. Neste artigo, examinaremos o seu desenvolvimento litúrgico desde a sua juventude na Alemanha até o que ele realizou na cátedra de Pedro, pelo que somos todos agradecidos. A juventude O pensamento litúrgico de Bento XVI pode ser encontrado em grande parte na sua autobiografia «La mia vita», que lhe descreve a vida até a sua chegada em Roma. Ratzinger foi ainda mais introduzido aos santos mistérios quando os seus pais lhe deram de presente um missa

A verdade existe?

Padre Elílio de Faria Matos Júnior A inteligência humana está de tal modo orientada para a verdade que basta a mínima vontade de negá-la para que o homem se coloque diante de uma contradição que só pode ser superada admitindo-se a existência da verdade. Com efeito, quem nega que a verdade exista, pretende que a sua negação seja verdadeira , o que o coloca em uma contradição performativa, isto é, o que se diz é contraditado pelo ato de dizer. O conteúdo que se pretende expressar («não existe verdade») se coloca em contradição com o ato que o expressa, pois que tal ato pretende que o referido conteúdo seja verdadeiro.   Tal contradição não se reduz simplesmente a uma mera formalidade que nada acrescentaria à seriedade do pensamento. Para muitos, essa contradição pertenceria somente ao campo da lógica pura e quase nada diria a uma opção filosófica ou a uma visão de mundo. Deveria mesmo ser deixada de lado, pois, afinal, o establishment filosófico atual, seja ele h

O cristianismo e as religiões

Padre Elílio de Faria Matos Júnior A relação do cristianismo com as outras religiões é um tema a ser aprofundado hoje em dia, já que, dada a facilidade de comunicação e o encontro facilitado das diversas culturas, o pluralismo religioso torna-se, para o teólogo, um "fato teológico" a ser interpretado com base nos princípios arquitetônicos da Revelação em Cristo. Não se pode ignorar simplesmente que a maioria da humanidade não é cristã. Duas coisas devem ser evitadas, creio. Primeiro, o relativismo fácil , segundo o qual todas as religiões gozariam, em linha de princípio, de igual validade. No fundo, seriam todas modos diversos de falar do inefável (Deus). Tal postura admite como pressuposto que Deus é tão misterioso e afastado da linguagem humana que dele os homens podem falar somente por metáforas. Cada religião traduziria uma "figura" de Deus, e todas, em linha de princípio, teriam o mesmo valor. Outro pressuposto dessa postura, decorrente do primeiro, é

Extra Ecclesia nulla salus?

Padre Elílio de Faria Matos Júnior É possível que alguém se salve fora da Igreja católica? Sim, é possível que alguém se salve fora das estruturas visíveis da Igreja católica. Pio XII o ensinava ao condenar, em seu tempo, o exclusivismo eclesiológico que julgava não haver tal possibilidade. Deus quer a salvação de todas as pessoas e dispõe de meios só dele conhecidos para chegar ao coração de cada um. Ademais, a prece universal da Igreja pede ao Senhor a salvação de todos os povos. Mas então tanto faz pertencer ou não à Igreja católica?  Não. A Igreja, através dos Santos Padres, dos Concílios, dos Papas e dos grandes teólogos, sempre ensinou que devemos procurar a verdade religiosa, e, uma vez conhecida, abraçá-la de coração. Tal verdade foi confiada à Igreja católica, para que a conservasse e difundisse. Assim, não é indiferente pertencer ou deixar de pertencer à Igreja católica. Se existe uma verdade religiosa, eu não posso pensar e agir como se ela não existisse. O Concí