O Vaticano II usa a expressão subsistit in para falar da identidade da Igreja de Cristo com a Igreja católica entregue a Pedro e a seus sucessores. Como a expressão substitui o verbo est, tradicionalistas atacam injustamente o concílio. Entedamos o que se passa.
O teólogo que sugeriu o uso da expressão “subsistit in” no Concílio Vaticano II, especificamente no documento Lumen gentium (n. 8 ), foi Sebastian Tromp, S.J. (1889–1975).
Contexto:
• Sebastian Tromp era secretário da Comissão Teológica do Concílio e exerceu grande influência na redação dos documentos, especialmente na Lumen gentium, a constituição dogmática sobre a Igreja.
• Ele foi também colaborador próximo do então Santo Ofício (atual Dicastério para a Doutrina da Fé) e teólogo profundamente influenciado pelo tomismo.
A mudança de formulação:
Antes do Concílio, a linguagem oficial afirmava que a Igreja de Cristo “é” a Igreja Católica (est Ecclesia Catholica). No Vaticano II, essa formulação foi modificada para:
“Haec est unica Christi Ecclesia… quae in Ecclesia catholica subsistit.”
(“Esta é a única Igreja de Cristo… que subsiste na Igreja Católica.”)
Essa mudança foi muito discutida e analisada posteriormente, porque a palavra “subsistit in” indica continuidade e identidade, mas também abre espaço para reconhecer elementos eclesiais fora dos limites visíveis da Igreja Católica, como nos cristãos ortodoxos e nas comunidades eclesiais protestantes.
Interpretação doutrinal:
• O uso de “subsistit in” visa afirmar que a única Igreja de Cristo continua existindo plenamente na Igreja Católica, com todos os meios de salvação, mas reconhece que elementos de santificação e verdade existem fora de sua estrutura visível.
• Essa distinção é reafirmada no documento Dominus Iesus (2000), da Congregação para a Doutrina da Fé, sob o então cardeal Joseph Ratzinger.
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A expressão “subsistit in”, introduzida no nº 8 da Lumen gentium do Concílio Vaticano II, tornou-se um dos pontos mais debatidos da eclesiologia contemporânea. Abaixo apresento um panorama estruturado de sua interpretação teológica e das controvérsias associadas.
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1. TEXTO OFICIAL DA LUMEN GENTIUM 8
“Haec est unica Christi Ecclesia… quae in Ecclesia catholica subsistit, gubernata a Successore Petri et Episcopis in communione cum eo.”
“Esta é a única Igreja de Cristo… que subsiste na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele.”
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2. INTENÇÃO TEOLÓGICA DO VERBO SUBSISTIT
A escolha da expressão “subsistit in” (e não simplesmente “est”) foi deliberada e significativa:
• “Est” indicaria identidade absoluta e exclusiva: “a Igreja de Cristo é (e apenas é) a Igreja Católica”.
• “Subsistit in” indica que a Igreja de Cristo permanece integralmente na Igreja Católica, mas permite reconhecer que há elementos eclesiais fora dela.
Intenção:
Reconhecer que, embora a plenitude da Igreja de Cristo esteja na Igreja Católica, alguns elementos verdadeiros de santificação e verdade podem ser encontrados também fora de seus limites visíveis, especialmente nas Igrejas Ortodoxas e comunidades eclesiais protestantes.
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3. INTERPRETAÇÕES PÓS-CONCILIARES
3.1 Interpretação da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF)
Sob o Card. Joseph Ratzinger, a CDF publicou a declaração Dominus Iesus (2000), que reafirma:
• A Igreja de Cristo “subsiste” somente na Igreja Católica.
• Fora da Igreja Católica, existem elementos eclesiais (Palavra de Deus, sacramentos, carismas etc.), mas não a Igreja no sentido pleno.
“A Igreja de Cristo, que no Credo professamos una, santa, católica e apostólica, subsiste na Igreja Católica, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele, embora fora de sua estrutura visível se encontrem numerosos elementos de santificação e de verdade” (Dominus Iesus, nº 16).
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4. CONTROVÉRSIAS
4.1 Para os teólogos mais tradicionalistas:
• A mudança de “est” para “subsistit in” foi vista com desconfiança.
• Interpretaram como uma relativização da identidade exclusiva da Igreja Católica com a Igreja de Cristo.
• Alegam risco de um “ecumenismo indiferentista”, onde se dilui a centralidade da Igreja Católica.
4.2 Para teólogos de inclinação progressista ou ecumênica:
• O “subsistit in” abre espaço para reconhecer a ação do Espírito Santo em outras comunidades cristãs.
• Justifica uma eclesiologia inclusiva, baseada na comunhão parcial (e não na negação) entre as igrejas.
Alguns chegaram a dizer que a Igreja de Cristo “subsiste também” fora da Igreja Católica, mas essa interpretação foi rejeitada pelo Magistério (cf. Nota explicativa da Dominus Iesus e a resposta da CDF de 2007 às perguntas sobre a doutrina da Igreja).
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5. NOTAS INTERPRETATIVAS DO CONCÍLIO
Em 1964, ao final da votação da Lumen O teólogo que sugeriu o uso da expressão “subsistit in” no Concílio Vaticano II, especificamente no documento Lumen gentium (n. 8 ), foi Sebastian Tromp, S.J. (1889–1975).
Contexto:
• Sebastian Tromp era secretário da Comissão Teológica do Concílio e exerceu grande influência na redação dos documentos, especialmente na Lumen gentium, a constituição dogmática sobre a Igreja.
• Ele foi também colaborador próximo do então Santo Ofício (atual Dicastério para a Doutrina da Fé) e teólogo profundamente influenciado pelo tomismo.
A mudança de formulação:
Antes do Concílio, a linguagem oficial afirmava que a Igreja de Cristo “é” a Igreja Católica (est Ecclesia Catholica). No Vaticano II, essa formulação foi modificada para:
“Haec est unica Christi Ecclesia… quae in Ecclesia catholica subsistit.”
(“Esta é a única Igreja de Cristo… que subsiste na Igreja Católica.”)
Essa mudança foi muito discutida e analisada posteriormente, porque a palavra “subsistit in” indica continuidade e identidade, mas também abre espaço para reconhecer elementos eclesiais fora dos limites visíveis da Igreja Católica, como nos cristãos ortodoxos e nas comunidades eclesiais protestantes.
Interpretação doutrinal:
• O uso de “subsistit in” visa afirmar que a única Igreja de Cristo continua existindo plenamente na Igreja Católica, com todos os meios de salvação, mas reconhece que elementos de santificação e verdade existem fora de sua estrutura visível.
• Essa distinção é reafirmada no documento Dominus Iesus (2000), da Congregação para a Doutrina da Fé, sob o então cardeal Joseph Ratzinger.
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A expressão “subsistit in”, introduzida no nº 8 da Lumen gentium do Concílio Vaticano II, tornou-se um dos pontos mais debatidos da eclesiologia contemporânea. Abaixo apresento um panorama estruturado de sua interpretação teológica e das controvérsias associadas.
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1. TEXTO OFICIAL DA LUMEN GENTIUM 8
“Haec est unica Christi Ecclesia… quae in Ecclesia catholica subsistit, gubernata a Successore Petri et Episcopis in communione cum eo.”
“Esta é a única Igreja de Cristo… que subsiste na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele.”
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2. INTENÇÃO TEOLÓGICA DO VERBO SUBSISTIT
A escolha da expressão “subsistit in” (e não simplesmente “est”) foi deliberada e significativa:
• “Est” indicaria identidade absoluta e exclusiva: “a Igreja de Cristo é (e apenas é) a Igreja Católica”.
• “Subsistit in” indica que a Igreja de Cristo permanece integralmente na Igreja Católica, mas permite reconhecer que há elementos eclesiais fora dela.
Intenção:
Reconhecer que, embora a plenitude da Igreja de Cristo esteja na Igreja Católica, alguns elementos verdadeiros de santificação e verdade podem ser encontrados também fora de seus limites visíveis, especialmente nas Igrejas Ortodoxas e comunidades eclesiais protestantes.
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3. INTERPRETAÇÕES PÓS-CONCILIARES
3.1 Interpretação da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF)
Sob o Card. Joseph Ratzinger, a CDF publicou a declaração Dominus Iesus (2000), que reafirma:
• A Igreja de Cristo “subsiste” somente na Igreja Católica.
• Fora da Igreja Católica, existem elementos eclesiais (Palavra de Deus, sacramentos, carismas etc.), mas não a Igreja no sentido pleno.
“A Igreja de Cristo, que no Credo professamos una, santa, católica e apostólica, subsiste na Igreja Católica, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele, embora fora de sua estrutura visível se encontrem numerosos elementos de santificação e de verdade” (Dominus Iesus, nº 16).
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4. CONTROVÉRSIAS
4.1 Para os teólogos mais tradicionalistas:
• A mudança de “est” para “subsistit in” foi vista com desconfiança.
• Interpretaram como uma relativização da identidade exclusiva da Igreja Católica com a Igreja de Cristo.
• Alegam risco de um “ecumenismo indiferentista”, onde se dilui a centralidade da Igreja Católica.
4.2 Para teólogos de inclinação progressista ou ecumênica:
• O “subsistit in” abre espaço para reconhecer a ação do Espírito Santo em outras comunidades cristãs.
• Justifica uma eclesiologia inclusiva, baseada na comunhão parcial (e não na negação) entre as igrejas.
Alguns chegaram a dizer que a Igreja de Cristo “subsiste também” fora da Igreja Católica, mas essa interpretação foi rejeitada pelo Magistério (cf. Nota explicativa da Dominus Iesus e a resposta da CDF de 2007 às perguntas sobre a doutrina da Igreja).
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5. NOTAS INTERPRETATIVAS DO CONCÍLIO
Em 1964, ao final da votação da Lumen gentium, foi publicada uma nota explicativa prévia (Nota explicativa praevia) para esclarecer o uso de “subsistit in”. Ali se lê:
“Com a expressão subsistit in, o Concílio quis indicar a permanência histórica contínua e a estabilidade da Igreja de Cristo na Igreja Católica.”
Ou seja: não se trata de pluralizar a Igreja de Cristo, mas de indicar que ela permanece plenamente na Igreja Católica, enquanto outras comunidades possuem elementos verdadeiros, mas não a Igreja em seu todo.
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6. CONCLUSÃO TEOLÓGICA
A expressão “subsistit in”:
• Afirma a identidade substancial entre a Igreja de Cristo e a Igreja Católica.
• Reconhece a presença real, embora imperfeita, de elementos eclesiais fora da Igreja Católica.
• Serve como base para um ecumenismo autêntico, sem abandonar a verdade da Igreja una fundada por Cristo.
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A questão na palavra de grandes teólogos
1. Henri de Lubac, S.J. (1896–1991)
✦ Perspectiva:
• Para de Lubac, a Igreja é essencialmente mistério de comunhão: é o Cristo total, Cabeça e membros, presente na história.
• Ele entende “subsistit in” como expressão da encarnação histórica da única Igreja de Cristo em uma forma visível concreta, que é a Igreja Católica.
✦ Ponto-chave:
• A Igreja de Cristo não é uma ideia platônica, mas assume uma realidade concreta e histórica.
• Mas a graça de Cristo transborda os limites visíveis da Igreja, pois o Espírito Santo atua também nas outras comunidades.
“A Igreja é o sacramento da união com Deus e da unidade da humanidade — mas essa união não se dá de modo exclusivo, fechado: a missão da Igreja é para o mundo inteiro.”
(Méditation sur l’Église, 1953)
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2. Yves Congar, O.P. (1904–1995)
✦ Perspectiva:
• Congar foi um dos arquitetos da nova eclesiologia de comunhão. Ele vê o “subsistit in” como uma afirmação da plenitude da Igreja de Cristo na Igreja Católica, mas não como exclusividade total.
✦ Ponto-chave:
• A mudança de “est” para “subsistit in” permite reconhecer que há igrejas verdadeiras fora da comunhão com Roma, especialmente as Igrejas Ortodoxas.
• Congar fala de uma “eclesialidade diferenciada”: há graus de comunhão e participação na Igreja de Cristo.
“A Igreja católica é a realização mais plena da Igreja de Cristo. Mas há autênticas realidades eclesiais nas outras comunidades cristãs.”
(Diversité et communion, 1982)
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3. Joseph Ratzinger / Bento XVI (1927–2022)
✦ Perspectiva:
• Como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Ratzinger rejeitou interpretações relativistas da expressão “subsistit in”.
• Para ele, a Igreja de Cristo subsiste unicamente na Igreja Católica. Fora dela, há elementos eclesiais, mas não a Igreja no sentido pleno.
✦ Ponto-chave:
• O termo “subsistit in” não deve ser entendido como pluralização da Igreja de Cristo, mas como expressão de sua permanência ontológica e histórica na Igreja Católica.
• O termo é mais forte que “est”, pois afirma uma permanência histórica real, não apenas uma identidade lógica.
“O Concílio quis dizer que a Igreja de Jesus Cristo, com toda a sua realidade substancial, está presente na Igreja Católica, mas que, fora dela, não obstante a separação, existem verdadeiras igrejas e comunidades eclesiais.”
(Ecclesiology of the Constitution Lumen Gentium, 2001)
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4. Walter Kasper (1933– )
✦ Perspectiva:
• Kasper defende uma interpretação mais dinâmica e ecumênica do “subsistit in”.
• Para ele, a expressão permite falar em graus de participação na Igreja de Cristo, sem negar que a Igreja Católica é a sua forma plena.
✦ Ponto-chave:
• Kasper valoriza o conceito de “comunhão imperfeita”: as outras comunidades cristãs são incluídas de modo real, embora incompleto, na única Igreja de Cristo.
“A Igreja Católica reconhece que os outros cristãos pertencem, embora de forma incompleta, à única Igreja de Cristo. O subsistit in expressa isso sem cair em relativismo.”
(That They May All Be One: The Call to Unity Today, 2004), foi publicada uma nota explicativa prévia (Nota explicativa praevia) para esclarecer o uso de “subsistit in”. Ali se lê:
“Com a expressão subsistit in, o Concílio quis indicar a permanência histórica contínua e a estabilidade da Igreja de Cristo na Igreja Católica.”
Ou seja: não se trata de pluralizar a Igreja de Cristo, mas de indicar que ela permanece plenamente na Igreja Católica, enquanto outras comunidades possuem elementos verdadeiros, mas não a Igreja em seu todo.
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6. CONCLUSÃO TEOLÓGICA
A expressão “subsistit in”:
• Afirma a identidade substancial entre a Igreja de Cristo e a Igreja Católica.
• Reconhece a presença real, embora imperfeita, de elementos eclesiais fora da Igreja Católica.
• Serve como base para um ecumenismo autêntico, sem abandonar a verdade da Igreja una fundada por Cristo.
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