O homem antigo e medieval tinha uma visão do universo que era, em suma, estática. Atualmente, sabemos que o dinamismo ou a contínua transformação é a grande marca de tudo o que existe. Estrelas estão se formando agora, ao passo que outras estão se apagando. As galáxias se afastam umas das outras, e o universo se expande. Se se expande, era menos extenso no passado, o que permite aos cientistas calcular o tempo do início ou da grande explosão (Big Bang) que teria originado a dança cósmica de que hoje temos conhecimento: há cerca de 13,7 bilhões de anos, tudo o que hoje existe estaria concentrado num pequenino ponto. O próprio tempo tem a sua história, como disse o grande físico Stephen Hawking (1942-2018), pois que só começa a existir com a explosão inicial. O tempo não é sempre o mesmo, mas muda em entrelaçamento visceral com o espaço, que, por sua vez, não é o quadro vazio em que estão as coisas, mas algo que se curva ou se contorce. Por falar em tempo, o velho S. Agostinho já sabia que ele não existe como uma grandeza autônoma: ele é cocriado com a criação do mundo.
Se olhamos a vida, vemos também dinamicidade e história. O consenso dos cientistas afirma que as formas de vida que conhecemos hoje vêm de outras formas do passado, num processo que nos levaria a uma forma primitiva que terá sido como que a tocha inicial, cujo fogo vital se tem propagado e diversificado em muitas outras tochas.
Se fôssemos falar de física quântica, veríamos também uma marca muito singular de movimento, dinamicidade e possibilidade – de criatividade até – nos níveis mais ínfimos da matéria e da energia.
Esse olhar proporcionado pela ciência impulsiona a filosofia e a teologia a refletir. Como seres pensantes e crentes, o que isso nos diz? Que significa pensar um mundo feito de dinamismo constante, arranjos e rearranjos, novidades e possibilidades?
Pela filosofia (ao menos a filosofia que creio correta), sabemos que antes de todo o movimento, existe o Imóvel; como fundamento de toda potencialidade, existe o Ato Puro ou a Plenitude originária. A teologia se serve deste dado da filosofia para dizer que o problema de Deus ou do Fundamento transcendente do mundo não é uma questão de fé cega, mas uma questão séria, que solicita o raciocínio e a inteligência humana.
A teologia sabe que Deus ama, cria, redime e conduz a criação à meta definitiva, “para que Deus seja tudo em todos” (1Cor 15,28). Sendo o mundo tão dinâmico, poderíamos dizer que Deus cria constantemente, não só conservando no ser aquilo que tirou do nada, mas impulsionando o mundo a se arranjar de maneira sempre nova. O ponto alto da obra de Deus é o espírito criado, pelo qual o mundo se reconhece chamado a desaguar no Mar divino, que é também a Fonte que lhe deu origem. O itinerário de retorno da criação a Deus se cumpre com especial participação do ser humano, que, em seu vigor espiritual, tem uma capacidade extraordinária de encontrar meios para superar desafios, reinventar-se e criar vida, até mesmo a partir de situações de morte. No espírito humano sopra o Espírito eterno, o mesmo que deu à nossa história o incomensurável presente que foi Jesus de Nazaré, o Filho que o Pai apresenta ao mundo para iluminá-lo, guiá-lo e salvá-lo.
Se olhamos a vida, vemos também dinamicidade e história. O consenso dos cientistas afirma que as formas de vida que conhecemos hoje vêm de outras formas do passado, num processo que nos levaria a uma forma primitiva que terá sido como que a tocha inicial, cujo fogo vital se tem propagado e diversificado em muitas outras tochas.
Se fôssemos falar de física quântica, veríamos também uma marca muito singular de movimento, dinamicidade e possibilidade – de criatividade até – nos níveis mais ínfimos da matéria e da energia.
Esse olhar proporcionado pela ciência impulsiona a filosofia e a teologia a refletir. Como seres pensantes e crentes, o que isso nos diz? Que significa pensar um mundo feito de dinamismo constante, arranjos e rearranjos, novidades e possibilidades?
Pela filosofia (ao menos a filosofia que creio correta), sabemos que antes de todo o movimento, existe o Imóvel; como fundamento de toda potencialidade, existe o Ato Puro ou a Plenitude originária. A teologia se serve deste dado da filosofia para dizer que o problema de Deus ou do Fundamento transcendente do mundo não é uma questão de fé cega, mas uma questão séria, que solicita o raciocínio e a inteligência humana.
A teologia sabe que Deus ama, cria, redime e conduz a criação à meta definitiva, “para que Deus seja tudo em todos” (1Cor 15,28). Sendo o mundo tão dinâmico, poderíamos dizer que Deus cria constantemente, não só conservando no ser aquilo que tirou do nada, mas impulsionando o mundo a se arranjar de maneira sempre nova. O ponto alto da obra de Deus é o espírito criado, pelo qual o mundo se reconhece chamado a desaguar no Mar divino, que é também a Fonte que lhe deu origem. O itinerário de retorno da criação a Deus se cumpre com especial participação do ser humano, que, em seu vigor espiritual, tem uma capacidade extraordinária de encontrar meios para superar desafios, reinventar-se e criar vida, até mesmo a partir de situações de morte. No espírito humano sopra o Espírito eterno, o mesmo que deu à nossa história o incomensurável presente que foi Jesus de Nazaré, o Filho que o Pai apresenta ao mundo para iluminá-lo, guiá-lo e salvá-lo.
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