Como a realidade social é mutável e admite um leque mais ou menos amplo de soluções, o parâmetro da DSI admite aquela flexibilidade que caiba dentro do quadro geral dos seus princípios e grandes critérios. Por isso, um católico pode encontrar solução, dependendo da situação concreta, mais à esquerda ou mais à direita do espectro da realidade político-social em que vive. E nem todos os católicos precisam encontrar a mesma solução concreta, embora devam todos observar os mesmos princípios e levar em conta os critérios gerais e as grandes diretrizes.
A solução concreta das questões sociais depende muito de uma análise feita com a ajuda das ciências sociais. Sem a contribuição científica, é fácil cair no moralismo. Por outro lado, a visão científica sem a dimensão ética cai num positivismo em geral embebido de visões filosóficas implícitas de caráter materialista ou naturalista. Para a Igreja, que se vale de uma boa antropologia filosófica, o homem é sempre pessoa. Ele tem uma dimensão material e mundana inegável, mas não se reduz a ela, pois vive na abertura infinita ao Ser, que é própria do espírito. Eis aqui a dimensão metafísica ou religiosa do homem, pela qual ele é diálogo incessante com o Absoluto ou com Deus, de modo que nenhum poder temporal pode querer absorver no seu âmbito a totalidade da pessoa.
Os católicos precisam conhecer melhor os tesouros da DSI, que, como disse, não oferece uma solução pronta ou ideológica para os problemas sociais, mas dá o entendimento e os critérios de discernimento para que os cristãos, individualmente ou em grupos, possam agir bem na sociedade e tenham luz e força para enfrentar concretamente as questões que dizem respeito à dimensão social da nossa vida, na superação das injustiças, na busca do bem comum e na afirmação da dignidade pessoal de todos os humanos, que vivem na grande casa comum da natureza a ser respeitada e cuidada.
Cada católico ou cada grupo possa se converter aos grandes princípios da DSI. Engajando-se, não se deixe arrastar cegamente por ideologias ou partidos que não refletem, ainda que parcialmente, esses princípios. Não haja mútua condenação quando o outro, em sua busca sincera, julga encontrar uma solução diferente, em alguns aspectos, para o mesmo problema.
No enfrentamento dos problemas sociais, os católicos encontram em todo homem de boa vontade, que queira trabalhar pelo sadio humanismo e pelo bem comum, um aliado, a fim de tornar o mundo social mais fraterno e mais condizente com a dignidade da pessoa humana.
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