Memória: 14 de dezembro
Viveu no século XVI. Com Santa Teresa de Jesus, empenhou-se pela reforma do Carmelo. Por isso foi incompreendido, perseguido e até encarcerado.
O que nele se destaca é a busca inquieta por Deus. Mas não se trata de uma busca qualquer. Muitos querem Deus, mas querem um Deus que transforme suas vidas em existências mais fáceis, com mais sucesso e mais reconhecimento. João da Cruz, não. Ele queria Deus mesmo, não os favores temporais de Deus. E estava consciente de que, ganhar a Deus, num mundo de pecado e com a natureza humana caída, não era coisa para preguiçosos. Desse modo, teria revelado a Jesus, numa aparição, o seu desejo: Patiar pro te - "Que eu saiba sofrer por ti!"
Baseado na tradição da Igreja (soube assimilar também elementos vindos de fora) e na própria experiência, elaborou sua versão da ascensão mística:
Há duas noites na escalada da montanha da união com Deus: a noite ativa e a noite passiva. Noite é a metáfora escolhida para falar da ausência de seguranças humanas e do mergulho na crise. Sem reordenar o humano, o divino não se acomoda em nós. E tal reordenação é dolorida, é como se fosse uma noite em que se sente perdido e até sem a esperança de ver o dia novamente.
A noite ativa resulta do empenho do fiel em renunciar a muitas coisas dos sentidos e do espírito para agradar só a Deus. Isso custa-lhe muito, dada a propensão ao egoísmo e as tendências desordenadas da natureza humana. Mas quem sabe renunciar, começa a entrar na noite mística.
A noite passiva é a verdadeira noite. São João da Cruz a chama de “terrível”, “horrenda”. Aqui já não é o fiel que age para purificar-se, mas é Deus mesmo que toma a alma e a coloca muito perto de si. Como a luz de Deus é muito intensa, a alma desespera-se. O Sol nos olhos da coruja causa a mais terrível escuridão. A alma perde completamente a noção do caminho. Seus trabalhos aumentam a ponto de achar que tudo está perdido. O sofrimento é grande, sobretudo pela sensação de ter perdido o Amado, por cuja proximidade tanto lutara. A noite é passiva porque a alma quase nada pode fazer. É Deus quem age e procura ir às raízes do egoísmo. Por isso a operação é a mais profunda e a mais dolorida. Pode-se dizer que a noite passiva é uma certa antecipação do purgatório.
É só depois de passar por semelhante noite que o fiel estará apto a cantar as maravilhas do Sol nascente — a nova iluminação e transformação em Deus.
Viveu no século XVI. Com Santa Teresa de Jesus, empenhou-se pela reforma do Carmelo. Por isso foi incompreendido, perseguido e até encarcerado.
O que nele se destaca é a busca inquieta por Deus. Mas não se trata de uma busca qualquer. Muitos querem Deus, mas querem um Deus que transforme suas vidas em existências mais fáceis, com mais sucesso e mais reconhecimento. João da Cruz, não. Ele queria Deus mesmo, não os favores temporais de Deus. E estava consciente de que, ganhar a Deus, num mundo de pecado e com a natureza humana caída, não era coisa para preguiçosos. Desse modo, teria revelado a Jesus, numa aparição, o seu desejo: Patiar pro te - "Que eu saiba sofrer por ti!"
Baseado na tradição da Igreja (soube assimilar também elementos vindos de fora) e na própria experiência, elaborou sua versão da ascensão mística:
Há duas noites na escalada da montanha da união com Deus: a noite ativa e a noite passiva. Noite é a metáfora escolhida para falar da ausência de seguranças humanas e do mergulho na crise. Sem reordenar o humano, o divino não se acomoda em nós. E tal reordenação é dolorida, é como se fosse uma noite em que se sente perdido e até sem a esperança de ver o dia novamente.
A noite ativa resulta do empenho do fiel em renunciar a muitas coisas dos sentidos e do espírito para agradar só a Deus. Isso custa-lhe muito, dada a propensão ao egoísmo e as tendências desordenadas da natureza humana. Mas quem sabe renunciar, começa a entrar na noite mística.
A noite passiva é a verdadeira noite. São João da Cruz a chama de “terrível”, “horrenda”. Aqui já não é o fiel que age para purificar-se, mas é Deus mesmo que toma a alma e a coloca muito perto de si. Como a luz de Deus é muito intensa, a alma desespera-se. O Sol nos olhos da coruja causa a mais terrível escuridão. A alma perde completamente a noção do caminho. Seus trabalhos aumentam a ponto de achar que tudo está perdido. O sofrimento é grande, sobretudo pela sensação de ter perdido o Amado, por cuja proximidade tanto lutara. A noite é passiva porque a alma quase nada pode fazer. É Deus quem age e procura ir às raízes do egoísmo. Por isso a operação é a mais profunda e a mais dolorida. Pode-se dizer que a noite passiva é uma certa antecipação do purgatório.
É só depois de passar por semelhante noite que o fiel estará apto a cantar as maravilhas do Sol nascente — a nova iluminação e transformação em Deus.
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