Você sabia que o filósofo alemão Frederich Nietzsche (1844-1900) dizia que há dois tipos de dor na realidade humana? Sim, ele dizia que há uma dor da qual nenhum ser humano pode escapar e há uma outra cuja grandeza, proporção e intensidade estão nas nossas mãos, sob o nosso domínio. A primeira deriva da nossa finitude. Sempre nos veremos às voltas com a doença, com o envelhecimento, com as más surpresas do acaso, enfim, com tudo aquilo que é inevitável ao nosso ser finito e temporal. Não podemos tudo nem podemos sempre. Somos naturalmente limitados. O segundo tipo de dor diz respeito às interpretações que damos ao primeiro. Tais interpretações são crenças que geramos em nosso interior e que aplicamos ao modo de ver e de relacionar-se com a nossa condição finita. Haverá quem interprete a sua dor como culpa, azar, resultado de forças maléficas, etc, o que pode levar o sujeito a sofrer grandemente. Às vezes as nossas crenças parecem tão naturais que não nos damos conta de que são fabricadas por nós e estão sob o nosso domínio. O que se deve fazer, então, é jogar para bem longe as crenças que nos fazem mal, que paralisam a vida, exercendo sobre elas o nosso poder de derrotar a dor, aquela que nós criamos.
A filosofia ocidental nasce da exigência de compreender o ser. Platão, diante do mundo sensível, marcado pelo devir, pela transformação incessante e pela imperfeição, percebeu os limites da realidade material. Para ele, o mundo visível não pode explicar-se por si mesmo: sua contingência só se torna inteligível à luz de um mundo superior, estável e perfeito — o mundo das Ideias. Assim, o imperfeito remete necessariamente ao perfeito. Aristóteles, discípulo de Platão, volta-se de modo mais atencioso para o mundo sensível. Não nega sua inteligibilidade, mas a fundamenta em princípios racionais: a substância, a forma, a matéria, as causas. O cosmos é compreensível porque é ordenado. Contudo, esse movimento ordenado exige um fundamento último que não se move: o motor imóvel. Aristóteles não o descreve como criador, mas como ato puro, causa final de toda realidade em movimento. Com o cristianismo, a intuição filosófica do Princípio se eleva a um plano novo. Antes de tudo, o cristianismo não ...
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