(Tradução: Pe. Elílio Júnior)
O Missal de Paulo VI
A reação de Ratzinger à introdução do Missal de Paulo VI
foi, de certa maneira, negativa, mas não totalmente. A proibição do Missal de
Pio V o entristeceu (na realidade, este Missal era apenas uma restauração do
Missal do Rito Romano usado desde os tempos de São Gregório Magno). Ratzinger
considerou tal evento como um ponto fraco na prática, e aqui já vemos uma
antecipação do Motu Proprio que publicaria como Papa. Sustentava que muito de quanto
devia ser preservado tivesse sido cancelado e que muitos tesouros tivessem
desaparecido na nova liturgia criada por uma comissão, e frequentemente
celebrada de modo descuidado e privo de qualidades artísticas. Por isso, quem
critica a atual liturgia como banal em uma comunidade autocelebrativa não
necessariamente é integralista. A crítica ratzingeriana diz respeito ao fato de que «a
liturgia não é celebrada de modo que faça resplandecer o dado do grande mistério de
Deus no meio de nós mediante a ação da Igreja». A Igreja nos dá o ritual, mas
não pode gerar o poder ou a energia operante em tais ritos; é, na verdade, um Outro
que age. Nós podemos participar real e pessoalmente do ato litúrgico, muitas vezes, em profundo
silêncio. Participamos do mistério que permanece incompreensível.
No seu livro «La festa della fede», Joseph Ratzinger afirma
que reconhece o mérito do novo Missal de Paulo VI pelas novas preces e
prefácios, muitos dos quais provenientes de outros ritos ocidentais: o
galicano, o mozarábico e o ambrosiano. Considera equivocadas as preces do
ofertório da Missa antiga, na medida em que tendiam a identificar a oferta do
Sacrifício de Cristo com esta parte da Missa, em vez da própria
consagração. Ratzinger criticava sobretudo o modo não tradicional de
interpretar a nova liturgia, com uma hermenêutica feita mais de descontinuidade
do que de continuidade. Alegrou-se, por isso, com o indulto do Papa João Paulo
II, que ele talvez tenha querido levar adiante com o seu Motu Proprio.
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