O Concílio Vaticano II está comemorando os 50 anos de sua abertura. Seus textos devem hoje ser relidos e meditados com seriedade. São ricos e conservam a atualidade. Como ensina Bento XVI, eles são a bússola a guiar a Igreja neste início do 3º milênio. Creio que os melhores frutos do concílio ainda estão por vir, mas para isso é preciso lê-lo e interpretá-lo seguindo as orientações fundamentais dos Papas, de João XXIII a Bento XVI. O Vaticano II não quis fundar uma nova Igreja, como muitos deram a entender nos anos de eferverscência pós-conciliar, mas apresentar a mesma fé de sempre de um modo renovado, isto é, em diálogo com o mundo moderno a quem se deve portar o Evangelho. A vida da Igreja é assim: sempre se renova dentro da relação fundamental com as origens.
A filosofia ocidental nasce da exigência de compreender o ser. Platão, diante do mundo sensível, marcado pelo devir, pela transformação incessante e pela imperfeição, percebeu os limites da realidade material. Para ele, o mundo visível não pode explicar-se por si mesmo: sua contingência só se torna inteligível à luz de um mundo superior, estável e perfeito — o mundo das Ideias. Assim, o imperfeito remete necessariamente ao perfeito. Aristóteles, discípulo de Platão, volta-se de modo mais atencioso para o mundo sensível. Não nega sua inteligibilidade, mas a fundamenta em princípios racionais: a substância, a forma, a matéria, as causas. O cosmos é compreensível porque é ordenado. Contudo, esse movimento ordenado exige um fundamento último que não se move: o motor imóvel. Aristóteles não o descreve como criador, mas como ato puro, causa final de toda realidade em movimento. Com o cristianismo, a intuição filosófica do Princípio se eleva a um plano novo. Antes de tudo, o cristianismo não ...
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