Pular para o conteúdo principal

Bento XVI celebra "ad orientem"

.
Padre Elílio de Faria Matos Júnior.

Bento XVI celebrou, na Capela Paulina, a Santa Missa ad orientem. Aconteceu dia 1 de dezembro pp., quando o pontífice esteve reunido com os membros da Comissão Internacional de Teologia.

Ja tivemos a oportunidade de publicar um artigo neste blog considerando o sentido da oração ad orientem na celebração litúrgica. Tal modo de celebrar é impropriamente conhecido como o modo em que o padre "dá as costas para o povo".

Joseph Ratzinger defende que a celebração com o padre voltado ad orientem tem profundas raízes na história da Igreja desde a antiguidade. Com efeito, Ratzinger em Introdução ao espírito da liturgia (1999), sustenta que a posição do padre e da assembleia conjuntamente voltados para o Oriente era tida pela Igreja antiga como uma veneranda tradição recebida dos Apóstolos.

Os gestos do Papa falam por si mesmos. Para bom entendendor, meia palavra basta. Bento XVI não se cansa de dar sinais de que deseja uma liturgia bem celebrada, de tal modo que o mistério do Senhor se mostre com vigor na maneira mesma de celebrar. Depois de tantas "aventuras" pós-conciliares no campo litúrgico, julgamos que está na hora de retomar o mais lídimo legado da tradição. A Constituição do Concílio Vaticano II Sacrosanctum Concilium sobre a liturgia é uma pérola de teologia litúrgica. Bem aplicada, haverá de ajudar-nos a ver cada vez mais o autêntico sentido da liturgia, que é ação do Christus totus, a Cabeça e os membros.

Celebrar a liturgia é realizar uma verdadeira mistagogia. Para longe o padre showman, que acaba se tornando o centro do ato litúrgico. Para longe o excesso de criatividade, que traz para a celebração elementos que são estranhos à liturgia e verdadeiramente importunos. Quem deve aparecer é Ele. Ele deve invadir a nossa alma e transformar a nossa vida com o mistério de sua salvação. É Ele quem a Igreja anuncia e celebra há 2000 anos. É a Ele que a Igreja deve ser assimilada.

Comentários

  1. Caro Padre Elílio,
    sua benção

    Realmente vemos quanto o Papa tem feito para a restauração da Liturgia, Deus queira que os Bispos não se rebelem contra seu Pastor.
    Parabéns pelo blog!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Metafísica essencial

Cornelio Fabro foi quem realçou a centralidade do ser como ato intensivo na metafísica de S. Tomás  Metafísica essencial:  1. Ipsum Esse É a perfeição máxima formal e real. Ato puro. Intensidade máxima. É participável pelas criaturas através de essências limitadas e da doação de ser como ato a tais essências.  • O ipsum Esse subsistens é a plenitude formal e atual do ser. Não é apenas a perfeição máxima “formal” no sentido lógico, mas o ato mesmo da atualidade infinita.  • Fabro enfatiza que o Esse divino é incomunicável em si mesmo (ninguém nem nada pode possuir ou receber a infinitude divina), mas é participável secundum quid , na medida em que Deus doa o ser finito às essências criadas.  • Aqui está a raiz da analogia entis : há continuidade (participação) e descontinuidade (infinitude divina versus finitude criada). ⸻ 2. Essência ( esse ut participabile ) É o ser enquanto participável, receptivo, em potência. Em si não é atual, mas uma capacidade de atuali...

Metafísica hoje? Saturnino Muratore SJ

  Saturnino Muratore SJ Resumo  — “Senso e limiti di un pensare metafisico nell’attuale contesto culturale. In dialogo con Saturnino Muratore S.J.” (Entrevista de Antonio Trupiano). Publicado em: TURPIANO, Antonio (ed.). Metafisica come orizzonte : In dialogo con Saturnino Muratore SJ . Trapani: Pozzo di Giacobbe, 2014.  Formato e objetivo. A entrevista foi organizada em dez questões estratégicas para apresentar o percurso intelectual de Saturnino Muratore (SJ) e, ao mesmo tempo, discutir o papel formativo da metafísica — sobretudo no contexto das faculdades eclesiásticas.   O que é “metafísica” para Muratore. Em vez de uma doutrina estática do “fundamento”, Muratore define metafísica como a capacidade do filósofo de “dizer o todo” — um discurso de totalidade que mantém uma instância crítica constante. Falar do todo implica dialogar com as especializações (que tratam fragmentos) e preservar a crítica para não absolutizar partes.   Relações com Jaspers e Nietzsc...

Se Deus existe, por que o mal?

O artigo ( leia-o aqui ) Si Dieu existe, pourquoi le mal ?,  de Ghislain-Marie Grange, analisa o problema do mal a partir da teologia cristã, com ênfase na abordagem de santo Tomás de Aquino. O autor explora as diversas tentativas de responder à questão do mal, contrastando as explicações filosóficas e teológicas ao longo da história e destacando a visão tomista, que considera o mal uma privação de bem, permitido por Deus dentro da ordem da criação. ⸻ 1. A questão do mal na tradição cristã A presença do mal no mundo é frequentemente usada como argumento contra a existência de um Deus onipotente e benevolente. A tradição cristã tem abordado essa questão de diferentes formas, tentando reconciliar a realidade do mal com a bondade e a onipotência divinas. 1.1. A tentativa de justificar Deus Desde a Escritura, a teologia cristã busca explicar que Deus não é o autor do mal, mas que ele é uma consequência da liberdade das criaturas. No relato da queda do homem (Gn 3), o pecado de Adão e E...