Resumo do texto “Maria, tipo da Igreja, modelo na ordem da fé e da caridade e nossa mãe” – Pe. Elílio de Faria Matos Júnior
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1. Introdução
O artigo propõe refletir sobre o mistério de Maria à luz do capítulo VIII da Lumen Gentium, mostrando-a como tipo (figura, exemplar) da Igreja, fundamentada em sua fé e caridade como resposta à graça divina. Nessa condição, Maria é colaboradora singular da salvação e mãe dos discípulos de Cristo e da humanidade.
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2. Maria, figura da Igreja
No Concílio Vaticano II, havia duas tendências:
• Cristotípica: via Maria como figura de Cristo, acima da Igreja.
• Eclesiotípica: via Maria como figura da própria Igreja.
Por pequena maioria, o Concílio optou por tratar Maria dentro da constituição sobre a Igreja, mostrando que ela deve ser compreendida a partir da comunidade dos redimidos. Assim, Maria pertence à Igreja como seu membro mais eminente, e não se coloca fora ou acima dela.
Antes do Concílio, a mariologia frequentemente fazia paralelos diretos entre Cristo e Maria (Rei/Rainha, Redentor/Corredentora), o que parecia colocar Maria do lado de Cristo-Cabeça, não do lado da Igreja ou da humanidade necessitada de redenção. O Vaticano II corrige esse ponto, vendo Maria no polo de baixo, juntamente com quem recebe a graça: Maria é redimida de modo sublime (preservada do pecado e fiel à graça recebida), mas ainda criatura necessitada da graça, inserida no Corpo Místico de Cristo.
Por isso, Maria é chamada de “tipo e exemplar perfeitíssimo da Igreja na fé e na caridade” (LG 61). Nela, a Igreja já é o que um dia será plenamente: esposa sem mancha nem ruga (Ef 5,27).
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3. Fé e caridade
A fé de Maria é compreendida em suas duas dimensões:
• fides qua creditur: a entrega total a Deus;
• fides quae creditur: a aceitação do conteúdo revelado, do sentido da redenção mostrado por seu Filho.
Desde a Anunciação até a Cruz, Maria manifesta adesão plena ao desígnio de Deus, mesmo sem compreender tudo (Lc 2,50). Sua fé é dinâmica, exigente e purificadora, marcada pela renúncia, pela confiança e pela contínua aceitação do mistério revelado em Cristo.
Hans Urs von Balthasar destaca que Maria, que formou o Filho em sua infância, depois foi formada por Ele para compreender o sentido da redenção. Sob a cruz, sua fé amadurece na dor e no amor.
A fé conduz naturalmente à caridade: o amor é a forma perfeita da fé (Gl 5,6). A entrega de Maria a Deus culmina na doação do próprio Filho, associando-se ao sacrifício redentor: “consentindo com amor na imolação da vítima que d’Ela nascera” (LG 58). Assim, Maria é modelo supremo da Igreja na fé que opera pelo amor.
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4. Maria, mãe na ordem da graça
A santidade e a entrega de Maria no evento decisivo da obra de Cristo beneficiam toda a humanidade. Sua pureza faz dela veículo da graça e cooperadora singular da obra da salvação.
O Concílio ensina que a mediação única de Cristo não exclui, mas suscita colaborações subordinadas (LG 62). A de Maria é única: sua fé e caridade a tornam mãe na ordem da graça (LG 61). Ela é mãe da Igreja porque coopera de modo único com Cristo na regeneração dos homens.
A maternidade espiritual de Maria estende-se, de certo modo, a toda a humanidade à qual a regeneração se destina. Seu papel de intercessora é expressão dessa maternidade, e o culto que lhe é prestado conduz sempre a Cristo, jamais a detém em si mesma.
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5. Conclusão
O Concílio Vaticano II ofereceu uma visão bíblica e patrística de Maria: criatura redimida e elevada pela graça, modelo da Igreja e mãe dos fiéis.
Maria é o espelho da Igreja, que nela vê a plenitude da vocação cristã: acolher a Palavra, viver na fé e na caridade, e gerar Cristo para o mundo. Nela, a Igreja contempla aquilo que deve ser e já é em germe – pura, fiel e inteiramente voltada para Deus.
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Síntese final
Maria:
• Pertence à Igreja, não está acima dela.
• É o tipo e modelo perfeitíssimo na fé e na caridade.
• Colabora singularmente na obra redentora.
• É mãe na ordem da graça, cooperando na regeneração dos homens.
• Conduz sempre a Cristo, sendo sinal e figura da Igreja plenamente redimida.

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