A perspectiva do tomismo transcendental pra mim é interessante, pois o a priori do espírito (inteligência e vontade) não é visto como o conjunto de categorias estáticas, como em Kant, ou como ideias apenas reguladoras, mas é constituído pela própria luz formal do Ser em amplitude infinita, o que implica referi-la ao Ser absoluto, de modo que todo objeto finito de conhecimento e amor que cai sob a luz formal do Ser presente no espírito finito é constantemente ultrapassado, permanecendo como uma realização apenas parcial da potência dinâmica da atividade espiritual do homem, cujo Donde e Aonde só pode ser o Ser realíssimo.
O livro Dialéctica de la secularización. Sobre la razón y la religión , fruto do diálogo entre Joseph Ratzinger e Jürgen Habermas, representa um marco no esforço de aproximar fé e razão em um mundo secularizado. Trata-se de um encontro singular, pois reúne dois pensadores que muitos consideravam intelectualmente opostos: de um lado, o teólogo então cardeal Ratzinger, defensor da centralidade da fé cristã; de outro, Habermas, expoente do pensamento laico iluminista. O tema discutido — se o Estado liberal e secularizado pode sustentar-se sem fundamentos éticos prévios — toca o coração das tensões atuais entre democracia, religião e racionalidade moderna. Habermas sustenta que o Estado democrático pode fundamentar-se a partir de uma razão autônoma e pós-metafísica, sem necessidade de recorrer diretamente às tradições religiosas. Contudo, ele reconhece que a democracia enfrenta um déficit motivacional: para existir, não basta que as normas sejam juridicamente válidas, é preciso que os cida...
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