Padre Elílio de Faria Matos Júnior
O importante, recordou-nos Bento XVI, é que o Papa Paulo VI mandou compor 14 fórmulas para que os Padres escolhessem uma, em que se dizia que a Igreja não tira somente da Escritura a certeza do conjunto de sua fé. Assim foi feito, e a constituição, estabelecendo um liame estreitíssimo entre Escritura e Tradição, ensina que uma não pode ser considerada sem a outra nem paralelamente à outra. A Escritura, como livro reconhecido pela Igreja e livro para a Igreja, deve ser lida no seio da Tradição, que a berçou e que a acompanha. A Tradição, por sua vez, tem como regra fundamental do seu desenvolvimento a Escritura.
Desse modo, a fé da Igreja não se reduz simplesmente a um livro ou a letras mortas de um passado longínquo. A Tradição permite à Escritura ser compreendida e ser vivida de forma concreta, e a Escritura, por sua vez, é a referência fundamental para a vida da Igreja, que está submetida à Palavra de Deus. Ademais, disse-nos o Papa, sem a Tradição da Igreja, não poderíamos chegar a um consenso nas coisas fundamentais da fé, uma vez que a Escritura, sem a referência da Tradição, abre-se a interpretações contraditórias.
Bento XVI disse ainda que a Constituição Dei Verbum nos ensina a ler a Escritura numa perspectiva teológica. Se o método histórico-crítico é importante e mesmo imprescindível, ele por si só não basta, já que não nos permite ver a Bíblia como verdadeira Palavra de Deus. Para além desse método, é preciso fazer uma leitura que nos permita ver a Escritura, não só como um "dado arqueológico" a ser decifrado, mas como Palavra viva de Deus. Este é um ponto, disse, em que o Concílio não foi ainda plenamente aplicado.
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