Padre Elílio de Faria Matos Júnior
Finda a calorosa acolhida com uma saudação do Cardeal Vigário Agostino Vallini e com o canto “Tu es Petrus”, o Papa ancião pôs-se a falar. Em primeiro lugar, agradeceu a todos os sacerdotes pela oração em seu favor. Ele nos confessou, repetindo o que dissera Quarta-feira de Cinzas, que sentiu quase fisicamente a força das preces de todos. Disse ainda que ficaremos unidos, ele a nós e nós a ele, pela força da oração, ainda que, para o mundo, ele permaneça oculto.
Bento XVI confessou também não haver preparado um grande e elaborado discurso para a ocasião, por causa da idade. Ele disse que teria lugar, em vez, uma “piccola chiaccherata”, isto é, uma conversa amigável sobre o Concilio Vaticano II e sobre como ele o viu. Sabe-se que Joseph Ratzinger participou da grande assembleia de Padres na qualidade de perito quando era ainda um muito jovem teólogo. Tinha apenas 35 anos de idade. A conversa sobre o concílio veio a propósito, uma vez que celebramos os 50 anos da abertura desse evento que marcou irreversivelmente a vida da Igreja.
Bento XVI falou brevemente sobre o sentido da convocação do concílio. O Concílio Vaticano I, que havia proclamado a infalibilidade papal em matéria de fé e moral quando fala “ex cathedra”, teve de ser interrompido abruptamente por causa da guerra franco-prussiana. Com isso, ficou faltando o desenvolvimento da eclesiologia tratada pelos Padres. O Vaticano I falou da função do Papa na Igreja e de seu papel insubstituível, mas não pôde desenvolver-se no que tange ao papel dos bispos. Sempre se ficou na expectativa de que o Vaticano I pudesse ser reaberto para levar a termo a matéria eclesiológica, que tinha sido focada de modo não completo.
João XXIII, entretanto, não quis simplesmente reabrir o Vaticano I, mas, sim, convocar um novo concílio, cuja meta principal seria o “aggiornamento” (atualização) da Igreja. Bento XVI disse que a Igreja gozava, à época da convocação do grande evento, de certa estabilidade e tranquilidade. A frequência aos sacramentos, de modo especial à Missa dominical, era boa. Havia bom número de vocações. As missões aconteciam. Entretanto, ressaltou o Papa, a Igreja parece que era vista mais como uma coisa do passado que do presente. E muito menos do futuro. Sentia-se a necessidade de que a Igreja pudesse ser vista, não só como aquela que traz a sabedoria do passado, mas também como aquela que abre caminhos para o futuro.
De qualquer modo, pairava no ar a sensibilidade de que a Igreja, que sempre apoiara o estudo, a ciência e o desenvolvimento da civilização, precisasse colocar-se diante do mundo moderno para cancelar aquela sensação, que tivera seu início emblemático com o caso Galileu, de desajuste entre a sua mensagem e as novas e legítimas conquistas.
Bento XVI disse que o momento do concílio foi vivido por ele com grande esperança e entusiasmo.
Finda a calorosa acolhida com uma saudação do Cardeal Vigário Agostino Vallini e com o canto “Tu es Petrus”, o Papa ancião pôs-se a falar. Em primeiro lugar, agradeceu a todos os sacerdotes pela oração em seu favor. Ele nos confessou, repetindo o que dissera Quarta-feira de Cinzas, que sentiu quase fisicamente a força das preces de todos. Disse ainda que ficaremos unidos, ele a nós e nós a ele, pela força da oração, ainda que, para o mundo, ele permaneça oculto.
Bento XVI confessou também não haver preparado um grande e elaborado discurso para a ocasião, por causa da idade. Ele disse que teria lugar, em vez, uma “piccola chiaccherata”, isto é, uma conversa amigável sobre o Concilio Vaticano II e sobre como ele o viu. Sabe-se que Joseph Ratzinger participou da grande assembleia de Padres na qualidade de perito quando era ainda um muito jovem teólogo. Tinha apenas 35 anos de idade. A conversa sobre o concílio veio a propósito, uma vez que celebramos os 50 anos da abertura desse evento que marcou irreversivelmente a vida da Igreja.
Bento XVI falou brevemente sobre o sentido da convocação do concílio. O Concílio Vaticano I, que havia proclamado a infalibilidade papal em matéria de fé e moral quando fala “ex cathedra”, teve de ser interrompido abruptamente por causa da guerra franco-prussiana. Com isso, ficou faltando o desenvolvimento da eclesiologia tratada pelos Padres. O Vaticano I falou da função do Papa na Igreja e de seu papel insubstituível, mas não pôde desenvolver-se no que tange ao papel dos bispos. Sempre se ficou na expectativa de que o Vaticano I pudesse ser reaberto para levar a termo a matéria eclesiológica, que tinha sido focada de modo não completo.
João XXIII, entretanto, não quis simplesmente reabrir o Vaticano I, mas, sim, convocar um novo concílio, cuja meta principal seria o “aggiornamento” (atualização) da Igreja. Bento XVI disse que a Igreja gozava, à época da convocação do grande evento, de certa estabilidade e tranquilidade. A frequência aos sacramentos, de modo especial à Missa dominical, era boa. Havia bom número de vocações. As missões aconteciam. Entretanto, ressaltou o Papa, a Igreja parece que era vista mais como uma coisa do passado que do presente. E muito menos do futuro. Sentia-se a necessidade de que a Igreja pudesse ser vista, não só como aquela que traz a sabedoria do passado, mas também como aquela que abre caminhos para o futuro.
De qualquer modo, pairava no ar a sensibilidade de que a Igreja, que sempre apoiara o estudo, a ciência e o desenvolvimento da civilização, precisasse colocar-se diante do mundo moderno para cancelar aquela sensação, que tivera seu início emblemático com o caso Galileu, de desajuste entre a sua mensagem e as novas e legítimas conquistas.
Bento XVI disse que o momento do concílio foi vivido por ele com grande esperança e entusiasmo.
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