Padre Elílio de Faria Matos Júnior
É possível ao homem tocar, ainda que de esguio, o Absoluto? Toda a tradição filosófico-teológica cristã o afirma. Aliás, no campo da filosofia, os gregos iniciaram essa empresa.
De Deus, embora não possamos conhecer-lhe a essência (quid est), podemos, contudo, conhecer-lhe a existência e alguns atributos que lhe convêm em virtude de ser ele o Ser Absoluto e a Causa de todas as causas. Evidentemente, pela fé na revelação divina realizada por Jesus e transmitida pela Igreja, podemos ter um acesso especial aos “aposentos” da Divindade que jamais nos seria possível de outro modo.
É certo, entretanto, que, pela reflexão raciocinante, isto é, pela razão natural, podemos reconhecer que em nosso espírito existe a presença de uma poderosa luz, sinal do Absoluto em nós. Todas as vezes em que eu emito um juízo - ita est (é assim) -, na verdade, eu submeto o conteúdo da afirmação (qualquer que seja, não importa) ao absoluto formal do princípio de não-contradição (o que é, é, e não pode não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto), cuja negação representa a própria ruína da vida intelectual.
Para que a inteligência tenha vida e possa se exercer (o juízo é o ato pelo qual a inteligência completa o conhecimento), é preciso valer-se do princípio de não-contradição, ao qual se submete o conteúdo de qualquer afirmação. É preciso, ainda, reconhecer que esse princípio goza de um caráter absoluto (uma necessidade absoluta). Do contrário, toda e qualquer afirmação minha poderia ser e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto, e estaria, assim, submetida às flutuações da instabilidade da consciência, do tempo... O que arruinaria a própria inteligência e a linguagem. Sem o absoluto ao qual o juízo conduz a afirmação, não há vida para a inteligência, nem a linguagem se pode fazer inteligível. Tal absoluto está tacitamente pressuposto em cada ato judicativo nosso. A filosofia não faz outra coisa senão reconhecê-lo e mostrá-lo.
Uma vez reconhecido o caráter absoluto do princípio (absoluto formal), deve-se reconhecer também que ele só pode ser entendido se se fizer referência a um Absoluto realmente existente que o explique e o fundamente (Absoluto real).
A luz do Absoluto real, desse modo, reflete-se na inteligência humana e, pelo absoluto formal do princípio de não contradição, tocamos, de alguma maneira, o Absoluto real.
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O Pensador, de Rodin |
É possível ao homem tocar, ainda que de esguio, o Absoluto? Toda a tradição filosófico-teológica cristã o afirma. Aliás, no campo da filosofia, os gregos iniciaram essa empresa.
De Deus, embora não possamos conhecer-lhe a essência (quid est), podemos, contudo, conhecer-lhe a existência e alguns atributos que lhe convêm em virtude de ser ele o Ser Absoluto e a Causa de todas as causas. Evidentemente, pela fé na revelação divina realizada por Jesus e transmitida pela Igreja, podemos ter um acesso especial aos “aposentos” da Divindade que jamais nos seria possível de outro modo.
É certo, entretanto, que, pela reflexão raciocinante, isto é, pela razão natural, podemos reconhecer que em nosso espírito existe a presença de uma poderosa luz, sinal do Absoluto em nós. Todas as vezes em que eu emito um juízo - ita est (é assim) -, na verdade, eu submeto o conteúdo da afirmação (qualquer que seja, não importa) ao absoluto formal do princípio de não-contradição (o que é, é, e não pode não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto), cuja negação representa a própria ruína da vida intelectual.
Para que a inteligência tenha vida e possa se exercer (o juízo é o ato pelo qual a inteligência completa o conhecimento), é preciso valer-se do princípio de não-contradição, ao qual se submete o conteúdo de qualquer afirmação. É preciso, ainda, reconhecer que esse princípio goza de um caráter absoluto (uma necessidade absoluta). Do contrário, toda e qualquer afirmação minha poderia ser e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto, e estaria, assim, submetida às flutuações da instabilidade da consciência, do tempo... O que arruinaria a própria inteligência e a linguagem. Sem o absoluto ao qual o juízo conduz a afirmação, não há vida para a inteligência, nem a linguagem se pode fazer inteligível. Tal absoluto está tacitamente pressuposto em cada ato judicativo nosso. A filosofia não faz outra coisa senão reconhecê-lo e mostrá-lo.
Uma vez reconhecido o caráter absoluto do princípio (absoluto formal), deve-se reconhecer também que ele só pode ser entendido se se fizer referência a um Absoluto realmente existente que o explique e o fundamente (Absoluto real).
A luz do Absoluto real, desse modo, reflete-se na inteligência humana e, pelo absoluto formal do princípio de não contradição, tocamos, de alguma maneira, o Absoluto real.
Essa breve reflexão, que poderia ser bem mais desenvolvida, baseia-se nas minhas leituras da obra o grande filósofo jesuíta brasileiro, o Padre Henrique Cláudio de Lima Vaz.
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