
O termo metafísica (tá metá tá fisiká) designa o que está além ou o que vem depois da física, isto é, dos entes naturais, materiais ou sensíveis. O objeto da metafísica, segundo a filosofia clássica, é o ser como tal e em seu todo, o ser separado de determinações que o limitem.
Com efeito, podemos estudar o ser sob determinações diversas: o ser enquanto sensível móvel (objeto da física), o ser enquanto sensível vivente (objeto da biologia), o ser enquanto quantitativo (objeto da matemática), etc. A única ciência, entretanto, que se propõe a estudar o ser como tal e em seu todo é a metafísica. Por isso, a metafísica procura oferecer uma cosmovisão ou uma visão omniabrangente do real.
O domínio da metafísica está para além das coisas físicas ou sensíveis porque o ser como tal não é nem pode ser objeto de nossos sentidos. Pode ser reconhecido pelo intelecto, mas nunca tocado pelos sentidos. A metafísica vem depois da física porque só podemos chegar ao ser como tal após entrarmos em contado com os entes físicos, uma vez que nosso conhecimento se desperta pelo contato com as coisas do mundo material.
O estudo do ser implica: procurar esclarecer, na medida do possível, o sentido do ser; procurar descobrir a causa ou as causas do ser, se é que existem. Cremos, como quer que seja, que a melhor introdução à metafísica seja o estudo dos autores que se aprofundaram na investigação do ser, a começar de Parmênides, na Grécia antiga (séc. VI a.C.). Alguns grandes nomes - Platão, Aristóteles, Plotino, Tomás de Aquino – devem guiar-nos no caminho. Este último chega a uma concepção inovadora do ser, algo verdadeiramente revolucionário no campo da metafísica: o ser como ato de existir.
Com a filosofia moderna, o interesse da metafísica deixa de se concentrar no ser, deslocando-se para o sujeito do conhecimento. As condições de possibilidade do conhecimento do ser (identificadas na subjetividade do sujeito pensante) adquirem uma importância capital, e isso desde Descartes (séc. XVII), a ponto de o ser extramental ficar em segundo plano, às vezes concebido até como criação do Eu ou como expressão do Espírito (Idealismo Alemão). A metafísica tende a se transformar em teoria do conhecimento. Ou o problema do conhecimento tende a absorver o problema do ser.
Na contemporaneidade, o antigo lugar ocupado pelo ser, depois pelo sujeito, passa para a linguagem. A linguagem, para muitos, parece ser a fonte originária de toda inteligibilidade das coisas. A linguagem criaria o ser; a linguagem seria a “morada do ser” (Heidegger). Os grandes autores do atual momento do pensamento filosófico (Wittgenstein, Heidegger, Gadamer, Habermas, Apel), cada qual a seu modo, dão uma importância fundamental à linguagem. Com a prevalência da linguagem no establishment filosófico atual, a velha metafísica caiu em certo descrédito, sendo que muitos falam de “morte da metafísica” e mesmo de "morte do sujeito", já que o sujeito nada mais seria que um fruto de nosso hábito linguageiro.
Sustentamos, como quer que seja, que o ser humano tem uma inegável dimensão metafísica, e questões autenticamente metafísicas sobre o ser em seu todo serão sempre colocadas pelo animal metaphysicum que é o homem. O nosso espírito é constitutivamente aberto à universalidade do ser, e, por assim dizer, ao infinito. A própria negação da universalidade ou infinitude do ser supõe que o espírito pense no ser, e, assim, mostre sua relação estrutural com ele e com sua transcendência infinita.
Obrigado Sr. Padre,pelo menos entendi
ResponderExcluirSenhor: A Igreja Católica tem a metafísica como uma forma de explicar a crença na vida além do corpo? Se sim, como a Igreja defende esse termo filosófico?
ResponderExcluirA relação do ser com o infinito coloca o sujeito como agente da infinitude. tirei essa lição dessa lição aí de cima. obrigado Pe. Elílio.
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