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Jacques Maritain, um dos maiores tomistas do século XX |
Jacques Maritain considera em sua obra as “cinco vias” de S. Tomás de Aquino para provar a existência de Deus. Além delas, ele propõe uma outra via — a “sexta” —, elaborada por seu próprio gênio. Vejamo-la:
1. O Ponto de Partida: A Experiência da Inteligência
A via começa com um momento de introspecção profunda, em que o indivíduo, ao pensar intensamente, se vê confrontado com uma questão paradoxal:
"Como é possível que eu tenha nascido?"
Esse questionamento surge não como uma dúvida sobre o nascimento biológico, mas como uma sensação de incompatibilidade entre dois fatos:
- Eu nasci no tempo (tenho um início temporal).
- Minha experiência intelectual, que alcança o universal e o eterno, sugere que sempre existi (parece inconcebível que o pensamento tenha surgido do nada, já que seu objeto mais nobre é o eterno).
2. A Contradição Vivida: Temporalidade vs. Supratemporalidade
O ser humano tem duas certezas conflitantes:
1. A certeza empírica de que nasceu e de que sua existência teve um começo.
2. A certeza intuitiva de que, enquanto ser pensante, ele sempre existiu.
Essa dualidade indica que há algo na natureza do pensamento humano que não pode ser reduzido apenas ao mundo físico e temporal. O intelecto parece ter uma dimensão que transcende o tempo.
3. A Preexistência no Ser Transcendente
Para resolver essa contradição, Maritain argumenta que:
- O intelecto humano não pode ter surgido do nada, pois pensamento só pode vir de pensamento.
- O ser pensante sempre existiu, mas não em si mesmo.
- Ele preexistia em um Ser Transcendente, que é a fonte de toda a inteligência e personalidade.
Esse Ser eterno e infinito é Deus, em quem todas as perfeições do pensamento já estavam contidas de forma suprema antes que o indivíduo recebesse uma existência temporal.
4. Justificação Filosófica: O Intelecto e o Tempo
Maritain reforça sua tese ao argumentar que o intelecto humano é supratemporal (intellectus supra tempus).
- O pensamento ocorre no tempo, mas não pertence essencialmente ao tempo, pois sua natureza espiritual o coloca acima da sucessão temporal.
- O ser humano nasce no tempo, mas sua inteligência não pode ter surgido do tempo, pois o pensamento só pode vir de um princípio eterno e supratemporal.
- Esse princípio é Deus, a Inteligência Suprema, que é a fonte de toda racionalidade.
Conclusão: Deus Como Origem da Inteligência
A Sexta Via de Maritain leva à existência de Deus através da experiência direta do pensamento humano. O argumento pode ser resumido assim:
1. O ato de pensar revela uma realidade que transcende o tempo.
2. O intelecto humano não pode ter surgido do nada nem meramente da matéria.
3. Logo, ele deve ter sua origem em um Ser eterno, transcendente e pessoal.
4. Esse Ser é Deus, em quem nossa inteligência já 'existia' antes do tempo.
Dessa forma, Maritain propõe uma prova filosófica baseada não na causalidade física, mas na estrutura metafísica da própria consciência humana.
A via começa com um momento de introspecção profunda, em que o indivíduo, ao pensar intensamente, se vê confrontado com uma questão paradoxal:
"Como é possível que eu tenha nascido?"
Esse questionamento surge não como uma dúvida sobre o nascimento biológico, mas como uma sensação de incompatibilidade entre dois fatos:
- Eu nasci no tempo (tenho um início temporal).
- Minha experiência intelectual, que alcança o universal e o eterno, sugere que sempre existi (parece inconcebível que o pensamento tenha surgido do nada, já que seu objeto mais nobre é o eterno).
2. A Contradição Vivida: Temporalidade vs. Supratemporalidade
O ser humano tem duas certezas conflitantes:
1. A certeza empírica de que nasceu e de que sua existência teve um começo.
2. A certeza intuitiva de que, enquanto ser pensante, ele sempre existiu.
Essa dualidade indica que há algo na natureza do pensamento humano que não pode ser reduzido apenas ao mundo físico e temporal. O intelecto parece ter uma dimensão que transcende o tempo.
3. A Preexistência no Ser Transcendente
Para resolver essa contradição, Maritain argumenta que:
- O intelecto humano não pode ter surgido do nada, pois pensamento só pode vir de pensamento.
- O ser pensante sempre existiu, mas não em si mesmo.
- Ele preexistia em um Ser Transcendente, que é a fonte de toda a inteligência e personalidade.
Esse Ser eterno e infinito é Deus, em quem todas as perfeições do pensamento já estavam contidas de forma suprema antes que o indivíduo recebesse uma existência temporal.
4. Justificação Filosófica: O Intelecto e o Tempo
Maritain reforça sua tese ao argumentar que o intelecto humano é supratemporal (intellectus supra tempus).
- O pensamento ocorre no tempo, mas não pertence essencialmente ao tempo, pois sua natureza espiritual o coloca acima da sucessão temporal.
- O ser humano nasce no tempo, mas sua inteligência não pode ter surgido do tempo, pois o pensamento só pode vir de um princípio eterno e supratemporal.
- Esse princípio é Deus, a Inteligência Suprema, que é a fonte de toda racionalidade.
Conclusão: Deus Como Origem da Inteligência
A Sexta Via de Maritain leva à existência de Deus através da experiência direta do pensamento humano. O argumento pode ser resumido assim:
1. O ato de pensar revela uma realidade que transcende o tempo.
2. O intelecto humano não pode ter surgido do nada nem meramente da matéria.
3. Logo, ele deve ter sua origem em um Ser eterno, transcendente e pessoal.
4. Esse Ser é Deus, em quem nossa inteligência já 'existia' antes do tempo.
Dessa forma, Maritain propõe uma prova filosófica baseada não na causalidade física, mas na estrutura metafísica da própria consciência humana.
Referência:
Jacques MARITAIN. Approaches to God.
Edition published in 2015 by Paulist Press. Foreword copyright © 2014 by John G. Trapani, Jr.
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