Suponhamos que exista um filósofo que atingiu um conhecimento insuperável. Ninguém pode ultrapassá-lo. Ele comunica o seu conhecimento aos discípulos, que, por não poderem receber todo o saber do mestre, recebem parte dele.
Ora, ao comunicar o conhecimento, o mestre insuperável não perdeu nada do que tinha, pois o conhecimento não tem partes físicas.
Ao receber o conhecimento, os discípulos não aumentaram em nada a soma do conhecimento total, pois o conhecimento do mestre mais o conhecimento dos discípulos não são mais do que o conhecimento insuperável do mestre.
Cada discípulo recebeu o conhecimento do mestre segundo a sua capacidade.
Esta é uma boa metáfora para falar da metafísica de S. Tomás.
O Ser, que é Deus, não pode receber acréscimo, pois é o Ser em plenitude. Ao criar o mundo, ele comunica o ser aos entes, que, por não poderem receber todo o ser, recebem parte dele. Os entes participam do Ser.
Ora, ao comunicar o ser, o Ser não perde nada se seu ser, pois o Ser não tem partes físicas. A parte comunicada e recebida é metafísica. Ainda que o efeito seja físico, como nas criaturas materiais, o ser mesmo doado e recebido é uma grandeza metafísica.
Ao receber o ser, os entes não aumentaram em nada a totalidade do ser, pois o ser de Deus mais o ser das criaturas não são mais do que o ser de Deus somente.
Cada ente criado recebe o ser do Ser incriado segundo sua capacidade, definida por sua essência, que é o delimitado contorno inteligível potencial.
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