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Último lugar


É fácil compreender porque Jesus pediu que se evitasse cobiçar os primeiros lugares e que ninguém os ocupasse sem o convite do dono da festa (cf. Lc 14).

A cobiça por cargos no mundo — e até mesmo na Igreja — é a causa principal de desavenças, conluios, puxa-saquismo, fofocas, injustiças e tudo o mais que não presta. A disputa pelos primeiros lugares sempre causa divisão e feridas.

Por outro lado, ninguém vai causar nada de mal se buscar o último lugar. O último lugar não é disputado. O discípulo de Jesus o escolherá por amor e por entender que há um modo alternativo de convivência. O cristão é chamado a viver de modo diferente, e, nessa diferença, construir a paz em meio a um mundo que promove a divisão.

Só se for chamado por alguém superior ou pelo povo é que o discípulo aceitará um lugar de destaque. Mas tal aceitação se fará por espírito de serviço, não por ambição.

Deve-se também parar de elogiar os que ocupam cargos de destaque só porque ocupam esses cargos. Esses elogios provocam a ambição. Não é o simples cargo que faz a pessoa, mas é a pessoa que faz o cargo.

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