Gadamer foi discípulo de Heidegger. Do mestre aprendeu que a posição do homem no mundo é uma posição hermenêutica, isto é, interpretativa. Na sua principal obra - Verdade e médoto -, Gadamer sustenta que a ciência moderna, herdeira do modo grego raciocinar, não é a única a ter acesso à verdade. Aliás, a verdade acontece sobretudo fora dos âmbitos por demais restritos do método científico, que há a irrealizável pretensão de agarrar de uma vez por todas o objeto de conhecimento. A pretensão de uma objetivação completa é impossível. Seria o domínio total do sujeito finito, situado e histórico sobre a verdade. A verdade, segundo Gadamer, não é aferrada pelo sujeito, mas acontece ao sujeito, à semelhança do que se dá na arte. Quando me ponho diante de uma obra de arte, não sou eu que a aferro com um método qualquer, mas é a obra que me fala e abre para mim um horizonte novo. A obra de arte acontece para quem a contempla, de maneira que se patenteia que ela é portadora de uma verdade maior do que o contemplador e que o envolve, transformando o seu olhar pela abertura de novos mundos. A obra fala. Não fala, porém, no vazio. O contemplador já traz consigo um mundo de representações e pré-juízos. É a partir dessa pré-compreensão do sujeito que a obra fala. A pré-compreensão não é obstáculo à compreensão da obra, mas sua condição de possibilidade. A partir da "fala" da obra, o sujeito experimenta a possibilidade de crescer e até de transformar a pré-compreensão que lhe permitira olhar a obra. Assim é a experiência da verdade na nossa vida: a partir de nossa pré-compreensão, olhamos o mundo, os textos da nossa tradição, o outro que nos fala; olhamos e nos envolvemos com os diversos textos do mundo, e tudo isso significa um apelo para nós, que nos convida a crescer rumo à verdade num processo infinito de interpretação. Gadamer não renuncia à verdade, mas sustenta que a verdade total não cabe ao sujeito situado, finito e histórico. O sujeito pode sempre crescer rumo à verdade, deixar-se envolver com ela, sem jamais aferrá-la ou transformá-la num objeto (ob-iectus = o que está simplesmente diante do sujeito). A verdade é sempre maior.
Ao receber na mão o Corpo de Cristo, deve-se estender a palma da mão, e não pegar o sagrado Corpo com a ponta dos dedos. 1) Há quem acuse de arqueologismo litúrgico a atual praxe eclesial de dar ou receber a comunhão eucarística na mão. Ora, deve-se observar o seguinte: cada época tem suas circunstâncias e sensibilidades. Nos primeiros séculos, a praxe geral era distribuir a Eucaristia na mão. Temos testemunhos, nesse sentido, de Tertuliano, do Papa Cornélio, de S. Cipriano, de S. Cirilo de Jerusalém, de Teodoro de Mopsuéstia, de S. Agostinho, de S. Cesário de Arles (este falava de um véu branco que se devia estender sobre a palma da mão para receber o Corpo de Cristo). A praxe de dar a comunhão na boca passou a vigorar bem mais tarde. Do concílio de Ruão (França, 878), temos a norma: “A nenhum homem leigo e a nenhuma mulher o sacerdote dará a Eucaristia nas mãos; entregá-la-á sempre na boca” ( cân . 2). Certamente uma tendência de restringir a comunhão na mão começa já em tempos pa
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