Hegel pensava que seu tempo era pleno de lacerações, e a filosofia devia dar ao homem a existência integral.
Hegel admirava os gregos. Tinha ele uma visão ingênua da grecidade? O certo é que ele pensava que os gregos viviam de um espírito que movia todos os aspectos de sua vida, afetos e razão. Os gregos achavam que os deuses viviam no mundo, de modo que sua religião os fazia transcender a vida imediata, mas, por outro lado, não os levava a separar-se do mundo.
Hegel lamentava o estágio do cristianismo puritano e do moralismo kantiano de sua época. Segundo ele, o cristianismo puritano e o kantismo eram expressões abstratas, inaptas a reconciliar a vida. Propunham uma moral formal incapaz de descer ao chão da vida. Ele propunha então, de início, uma “religião popular”, que pudesse falar, ao mesmo tempo, aos afetos e à razão, reconciliando-os. O povo deveria poder querer elevar-se da vida imediata até às exigências do espírito, mas deveria também poder perceber o espírito nos afetos e na vida quotidiana.
A tarefa de reconciliação da vida que Hegel atribuiu primeiramente a uma “religião popular”, mais tarde seria atribuída à filosofia, que o Hegel maduro viu como sendo a superação mesma da religião.
Hegel não podia levar a cabo seu propósito sem negar a transcendência absoluta de Deus e sua distinção do mundo. Ele queria ver Deus no mundo, e acabou diluindo o divino no processo da natureza e da história.
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