A verdade se apresenta a nós em suas múltiplas facetas. Somente prestando atenção nos nossos limites, que são também a condição de possibilidade do nosso início e do nosso crescimento na busca da verdade, poderemos perceber que, para ser apropriada, a verdade requer de nós o tato de saber reconhecer nossa situação e de saber retornar sempre a ela para iluminá-la e enriquecê-la com o ganho de nossas buscas, encontros, diálogos e interpretações. Estamos no horizonte da verdade, mas cada um, cada povo ou cada época, está numa situação diversa. Daí que palavras como encontro e diálogo nos são necessárias para crescer neste horizonte a partir da nossa situação particular e para enriquecer-nos entre nós, enriquecendo também a nossa situação. O encontro entre as diversas situações promove a fusão de horizontes dentro do único horizonte da verdade.
Seguindo pela linha de Tomás de Aquino, Ferdinand Ulrich se coloca dentro da tradição metafísica tomista, mas com uma sensibilidade profundamente renovada pela filosofia do século XX — especialmente pela fenomenologia e pelo personalismo. Vamos explorar como Ulrich lê e reinterpreta Tomás de Aquino em relação à questão do ser: ⸻ 1. O ser como actus essendi (ato de ser) Para Tomás de Aquino, a realidade mais profunda de um ente não é sua essência, mas seu esse — o ato de ser. Ulrich retoma esse princípio com força, insistindo que: • O ser ( esse ) é mais fundamental que qualquer determinação formal ( essentia ). • Todo ente é composto de essência e ato de ser, mas esse ato de ser não é algo que ele possua por si: é recebido. • Daí, a criatura é “ser por participação”, em contraste com Deus, que é “ser por essência” — o ipsum esse subsistens . Para Ulrich, essa estrutura é a chave da relação: o homem, enquanto ente criado, está ontologicamente voltado para além de...
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