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Sua Santidade o Papa Bento XVI dirigiu uma carta aos bispos da Igreja católica (10-3-09) para explicar-lhes o sentido do levantamento da excomunhão dos quatro bispos sagrados por Dom Lefebvre em 1988. Trata-se de uma carta sob muitos aspectos inédita, em que um Papa deixa transparecer sua alma, seus firmes propósitos e também suas aflições ao explicar um ato seu que “suscitou fora e dentro da Igreja uma discussão de tal veemência que desde há muito tempo não se tinha notícia”. O estilo lembra as cartas de um Paulo ou de um Clemente Romano.
Como se sabe, o caso foi apimentado pelas declarações reducionistas de Dom Williamson, que de modo algum estavam em questão na intenção de Bento XVI. Aliás, creio que a tal entrevista polêmica de Dom Williamson, que foi gravada em novembro de 2008 e só divulgada na mídia três dias antes do levantamento da excomunhão (em janeiro de 2009), tenha sido usada, de adrede, para desautorizar o gesto papal.
Bento XVI, ao mesmo tempo em que reconhece erros de percurso no processo que o levou a levantar a excomunhão dos bispos lefebvrianos – a Santa Sé deveria levar mais em conta a internet como meio de difusão de notícias e o ato papal deveria ter sido acompanhado de explicações -, dá a conhecer claramente sua intenção. Ele quer a reconciliação dos lefebvrianos com a Igreja. Não está arrependido de ter levantado a excomunhão, que é mais um passo em direção à reconciliação, como o fora a liberação da Missa tradicional em julho de 2007. E ainda mais: anuncia que as tentativas de reconciliação vão continuar, agora no nível propriamente doutrinal, que diz respeito à aceitação do Concílio Vaticano II e do magistério pós-conciliar dos Papas; e para isso a Comissão Ecclesia Dei, encarregada do diálogo com os lefebvrianos, será coligada à Congregação para a Doutrina da Fé.
O coração da carta, contudo, não diz respeito a questões de estratégias e planos de ação. Mostra, na verdade, a caridade de um pastor que, ferido por incompreensões e calúnias incabíveis, é capaz de dirigir uma palavra humilde e reveladora de suas ótimas intenções. Bento XVI deixa transparecer sua profunda espiritualidade e seu coração de verdadeiro pastor ao afirmar com clareza que a prioridade de seu pontificado foi já fixada pelo Senhor quando disse a Pedro: “Tu... confirma os teus irmãos” (Lc 22,32). Sim, a prioridade do Papa é confirmar na fé que salva os homens de todos os tempos. Essa tarefa hoje se reveste de uma singular urgência: “No nosso tempo, em que em vastas regiões da terra a fé encontra-se no perigo de desaparecer como uma chama que não encontra mais alimento, a prioridade que está acima de tudo é a de tornar Deus presente neste mundo e abrir aos homens acesso a Deus”. E ainda: “Conduzir os homens a Deus, ao Deus que fala na Bíblia: esta é a prioridade suprema da Igreja e do Sucessor de Pedro neste tempo”.
É à luz dessa prioridade que os atos de Bento XVI devem ser interpretados. Muitos o têm acusado de querer fazer retroceder a caminhada da Igreja para os tempos anteriores ao Concílio Vaticano II. Nada mais falso. O que o Papa deseja é que o concílio seja visto como deve: uma renovação na continuidade da grande Tradição da Igreja. Os acusadores de Bento XVI querem, muitas vezes, considerar o Vaticano II como um início absoluto na Igreja, o que é um despropósito. A esses, o Papa adverte: “A alguns daqueles que se distinguem como grandes defensores do concílio, deve ser-lhes recordado que o Vaticano II traz consigo toda a história doutrinal da Igreja. Quem quer ser obediente ao concílio, deve aceitar a Fé professada no curso dos séculos, e não pode cortar as raízes das quais vive a árvore”. Não podia ser mais claro! Quem tem ouvidos ouça!
O seu desejo de reconciliação com os lefebvrianos é uma derivação lógica da prioridade de seu pontificado. A união entre os fiéis testemunha a favor do anúncio de Deus para o mundo. Ademais, o Papa não poderia deixar seguir à deriva os quatro bispos com quase 500 sacerdotes e milhares de fiéis. Bento XVI reconhece neles o amor à Tradição da Igreja, e por isso deseja continuar a percorrer o caminho da reconciliação. Mas também os adverte: “Não se pode congelar a autoridade magisterial da Igreja ao ano de 1962”.
O Papa ainda lamentou profundamente a incompreensão de muitos católicos, que deveriam saber entender melhor as coisas e, no entanto, não perderam a oportunidade de atacar sem piedade o Sucessor de Pedro. Advertiu também a todos na Igreja contra o uso de uma falsa liberdade: o “morder” e o “devorar” dos quais falava Paulo aos gálatas existem hoje na Igreja como expressão de uma liberdade mal interpretada.
Rezemos por Bento XVI e pela Igreja! Que o Cristo sustente neste mundo o seu Vigário, e a paz na Igreja aconteça para o bem de todo o mundo, que tem necessidade do Deus que assumiu um rosto humano em Jesus!
Como se sabe, o caso foi apimentado pelas declarações reducionistas de Dom Williamson, que de modo algum estavam em questão na intenção de Bento XVI. Aliás, creio que a tal entrevista polêmica de Dom Williamson, que foi gravada em novembro de 2008 e só divulgada na mídia três dias antes do levantamento da excomunhão (em janeiro de 2009), tenha sido usada, de adrede, para desautorizar o gesto papal.
Bento XVI, ao mesmo tempo em que reconhece erros de percurso no processo que o levou a levantar a excomunhão dos bispos lefebvrianos – a Santa Sé deveria levar mais em conta a internet como meio de difusão de notícias e o ato papal deveria ter sido acompanhado de explicações -, dá a conhecer claramente sua intenção. Ele quer a reconciliação dos lefebvrianos com a Igreja. Não está arrependido de ter levantado a excomunhão, que é mais um passo em direção à reconciliação, como o fora a liberação da Missa tradicional em julho de 2007. E ainda mais: anuncia que as tentativas de reconciliação vão continuar, agora no nível propriamente doutrinal, que diz respeito à aceitação do Concílio Vaticano II e do magistério pós-conciliar dos Papas; e para isso a Comissão Ecclesia Dei, encarregada do diálogo com os lefebvrianos, será coligada à Congregação para a Doutrina da Fé.
O coração da carta, contudo, não diz respeito a questões de estratégias e planos de ação. Mostra, na verdade, a caridade de um pastor que, ferido por incompreensões e calúnias incabíveis, é capaz de dirigir uma palavra humilde e reveladora de suas ótimas intenções. Bento XVI deixa transparecer sua profunda espiritualidade e seu coração de verdadeiro pastor ao afirmar com clareza que a prioridade de seu pontificado foi já fixada pelo Senhor quando disse a Pedro: “Tu... confirma os teus irmãos” (Lc 22,32). Sim, a prioridade do Papa é confirmar na fé que salva os homens de todos os tempos. Essa tarefa hoje se reveste de uma singular urgência: “No nosso tempo, em que em vastas regiões da terra a fé encontra-se no perigo de desaparecer como uma chama que não encontra mais alimento, a prioridade que está acima de tudo é a de tornar Deus presente neste mundo e abrir aos homens acesso a Deus”. E ainda: “Conduzir os homens a Deus, ao Deus que fala na Bíblia: esta é a prioridade suprema da Igreja e do Sucessor de Pedro neste tempo”.
É à luz dessa prioridade que os atos de Bento XVI devem ser interpretados. Muitos o têm acusado de querer fazer retroceder a caminhada da Igreja para os tempos anteriores ao Concílio Vaticano II. Nada mais falso. O que o Papa deseja é que o concílio seja visto como deve: uma renovação na continuidade da grande Tradição da Igreja. Os acusadores de Bento XVI querem, muitas vezes, considerar o Vaticano II como um início absoluto na Igreja, o que é um despropósito. A esses, o Papa adverte: “A alguns daqueles que se distinguem como grandes defensores do concílio, deve ser-lhes recordado que o Vaticano II traz consigo toda a história doutrinal da Igreja. Quem quer ser obediente ao concílio, deve aceitar a Fé professada no curso dos séculos, e não pode cortar as raízes das quais vive a árvore”. Não podia ser mais claro! Quem tem ouvidos ouça!
O seu desejo de reconciliação com os lefebvrianos é uma derivação lógica da prioridade de seu pontificado. A união entre os fiéis testemunha a favor do anúncio de Deus para o mundo. Ademais, o Papa não poderia deixar seguir à deriva os quatro bispos com quase 500 sacerdotes e milhares de fiéis. Bento XVI reconhece neles o amor à Tradição da Igreja, e por isso deseja continuar a percorrer o caminho da reconciliação. Mas também os adverte: “Não se pode congelar a autoridade magisterial da Igreja ao ano de 1962”.
O Papa ainda lamentou profundamente a incompreensão de muitos católicos, que deveriam saber entender melhor as coisas e, no entanto, não perderam a oportunidade de atacar sem piedade o Sucessor de Pedro. Advertiu também a todos na Igreja contra o uso de uma falsa liberdade: o “morder” e o “devorar” dos quais falava Paulo aos gálatas existem hoje na Igreja como expressão de uma liberdade mal interpretada.
Rezemos por Bento XVI e pela Igreja! Que o Cristo sustente neste mundo o seu Vigário, e a paz na Igreja aconteça para o bem de todo o mundo, que tem necessidade do Deus que assumiu um rosto humano em Jesus!
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